França se preocupa com Amazônia mas esquece de testes nucleares na Polinésia

A atual situação política criada pelo primeiro ministro da França, Emmanuel Macron, que cobrou duramente o governo brasileiro do Presidente Jair Bolsonaro em relação as queimadas que ocorreram no mês de agosto na Amazônia.

O que causa estranheza é que a França, ou Macron, estão muito preocupados com as queimadas na Amazônia, mas esquecem dos 193 testes nucleares realizados pela França na Polinésia Francesa.

Os testes nucleares aconteceram entre 1966 e 1996, foram 30 anos de testes que despejaram cerca de 3200 toneladas de material radioativo fruto de explosões causadas pelo exército francês.

A situação provocou em 2015 a formação de uma assembleia do conjunto de pequenas ilhas do Pacífico Sul, a reivindicar uma compensação milionária pelos males causados pelos testes nucleares na região.

De acordo com Yves Haupert, porta-voz do Poder Legislativo do território ultramarino francês, o impacto na saúde da população e no meio ambiente são sentidos até hoje. Os Atóis de Mururoa e Fangataufa, no oceano Pacífico abrigam em até 1.000 metros de profundidade, resíduos de bombas nucleares.

O departamento de Defesa francês admitiu que algumas ilhas foram atingidas por uma quantidade de radioatividade muito maior do que a prevista. Entre elas, o Taiti é a ilha mais povoada, com lima população de 150 mil pessoas que foram expostas a níveis de radiação 500 vezes maiores que o máximo recomendado.

Uma equipe de médicos franceses calculou em 2006 que os casos de câncer aumentaram nas ilhas por culpa dos testes nucleares. Apesar de os testes terem terminado há quase duas décadas, cientistas e pesquisadores ainda se recusam ir às ilhas onde as experiências ocorreram, por isso os estudos sobre a proliferação de resíduos e níveis de contaminação são incompletos.

O grupo de ilhas pede uma compensação de cerca de US$ 930 milhões pelo prejuízo causado. A este valor seria preciso somar mais US$ 132 milhões, que o Legislativo polinésio reivindicaria pela ocupação dos atóis, que ainda permanecem sob o controle das Forças Armadas francesas.

O país europeu começou a última etapa de testes nucleares em 1995, após completar os três anos de moratória, provocando um boicote internacional contra os produtos franceses. Em janeiro de 1996, a França realizou seu último teste nuclear e assinou o Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares (CTBT).

Paris e Papeete negociaram no final de 1996 um pagamento anual de US$ 150 milhões para apoiar a economia da comunidade oceânica. Em 2004, a Polinésia Francesa se tornou um território ultramarino da França e, em 2013, foi reintegrada na lista das Nações Unidas de territórios não autônomos. A Polinésia Francesa é composta por 118 ilhas, sendo 67 delas desabitadas, banhadas pelo Oceano Pacífico e conta com uma população de 268 mil habitantes, segundo o censo realizado em 2012.    Da redação

2 respostas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *