Os parlamentares por Mato Grosso do Sul discursaram durante a sessão ordinária desta quarta-feira (20) contra o fechamento da Escola Estadual Professor Carlos Henrique Schrader, anunciada ontem ao corpo docente e diretoria, que estiveram presentes hoje na Assembleia Legislativa para pedir apoio para reverter a decisão do Governo do Estado.
A escola fica localizada no bairro Flamboyant e também atende aos jovens dos bairros Tiradentes, Dalva de Oliveira e a aldeia urbana Marçal de Souza. Como presidente da Comissão de Desenvolvimento Agrário, Assuntos Indígenas e Quilombolas, o deputado Neno Razuk (PTB) subiu à tribuna.
“É grave a informação do fechamento de uma escola que atende alunos indígenas. Lá eles se sentem acolhidos, agora terão que buscar outro lugar, mais longe, terão desgaste com logística e quem sabe vai ampliar a evasão escolar, que hoje é só de 3%”, afirmou o deputado, que disse que foi procurado pela comissão escolar.
Neno ressaltou mais dados. “Hoje o índice de aprovação é de 92%, com Ideb de 4.4. Ganharam inúmeras medalhas na Olimpíada Nacional de Matemática, outra na Internacional de Matemática, prêmio em robótica. Ou seja, vai mexer no que é bom? Essa escola não pode ser fechada com tantos índices favoráveis”, ressaltou.
Outros deputados se somaram à causa. “Acompanhei a criação dessa escola. Uma pena a Secretaria de Educação mandar fechar sem um diálogo com a comunidade escolar, para tomar uma decisão séria como essa. Chega a cortar o coração. Equipe muito boa de professores e coordenação pedagógica”, lamentou Pedro Kemp (PT).
Evander Vendramini (PP) também falou. “Sentimos que a escola sensibilizou os senhores deputados e deve sensibilizar a Secretaria de Educação, pois há tantas escolas que não funcionam bem e a que funciona bem é fechada? Há uma indignação muito grande por ser uma escola próxima a comunidades tradicionais, tem acessibilidade a eles. Contem com nosso apoio”, disse o deputado.
Para Cabo Almi (PT) é preciso se preparar para o pior. “Quero dizer para que vocês se preparem para uma grande batalha, quanto ao pleito de vocês. Estamos vendo várias escolas fechando nesse Estado. Vimos movimentos contra o fechamento, mas que não conseguiram sensibilizar o Poder Executivo. Esse Governo tem se mostrado irredutível do ponto de vista da mudança que ele deseja. Infelizmente não depende dos deputados estaduais, mas vamos tentar intermediar uma conversa”, ponderou.
O líder do Governo na Assembleia Legislativa, deputado Barbosinha (DEM) também falou em aparte. “Ontem mesmo recebi mensagem da escola e já encaminhamos para a Secretaria de Educação reavaliar. Levamos a preocupação com o fechamento e esperamos que tenham um tratamento com respeito pela história dessa escola”, destacou. “Isso cria um transtorno para toda comunidade. Quando os pais matriculam seus filhos querem que seja na escola mais próxima a suas casas. Agendei uma reunião semana que vem na governadoria para tratar desse assunto”, completou Zé Teixeira (DEM).
No plenário, alunos, professores e membros da comunidade indígena trouxeram cartazes de protesto contra a medida. A diretora da escola, Vanessa Galvão, disse que o motivo apresentado foi que a decisão visa a restruturação das escolas estaduais. “Temos somente oito salas de aula, a despesa não é tanta. Temos alunos especiais. Somos a única da região inserida no Programa Novo Ensino Médio, recebe verba do MEC, temos aulas inovadoras, todos os esportes no contra turno, o sexto tempo, grande aprovação no vestibular”, argumentou.
O cacique da aldeia urbana Marçal de Souza, Josias Jordão, também pediu apoio dos deputados em fala para a TV Assembleia. “Na região temos outra escola indígena que é municipal, mas atende somente até o 5º ano. Para os alunos acima disso a Carlos Henrique Schrader é a única e 43% dos alunos que estão nela são indígenas. É como uma segunda casa para eles. Fomos pegos de surpresa”, lamentou o cacique. Os deputados estaduais enviaram requerimentos para a Secretaria de Educação.