A confirmação da presença do coronavírus em todos os continentes está causando preocupação sobre a capacidade de reação global à doença. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que o contínuo crescimento do número de casos e países afetados são claramente motivo de preocupação e que por isso a organização aumentou o alerta para de muito alto risco.“Nossos epidemiologistas têm monitorado esses desenvolvimentos continuamente e agora nós aumentamos a nossa avaliação de risco de dispersão e risco de impacto do Covid-19 para muito alto no nível global”, disse nesta sexta-feira, 28, em entrevista coletiva em Genebra.
O vírus que surgiu na China no fim do ano passado já chegou a 50 países e soma 2.858 mortes mortes e mais de 83 mil infectados, de acordo com a contabilidade da OMS. O Brasil confirmou o seu primeiro caso nesta semana, em São Paulo, e investiga suspeitas que podem chegar a 300 novos pacientes.
De acordo com a OMS, nas últimas 24 horas, a China reportou 329 novos casos, o mais baixo em um mês. No total, o país tem 78.959 casos, com 2.791 mortes. Fora da China são 4.351 casos, em 49 países, e 67 mortes.
Desde quinta-feira, países como Dinamarca, Estônia, Lituânia, Holanda e Nigéria reportaram seus primeiros casos. Dos novos registros, 24 casos foram exportados da Itália para 14 países e 97 casos foram exportados do Irã para 11 países desde quinta
“O que temos visto no momento são epidemias de Covid-19 em vários países, mas a maioria dos casos ainda pode ser rastreada a contatos conhecidos ou a clusters de casos. Não temos evidências, ainda, de que o vírus está se espalhando livremente nas comunidades”, afirmou Tedros.
“Enquanto for este o caso, ainda temos a chance de conter o coronavírus se ações robustas forem tomadas para detectar os casos rapidamente, isolar e cuidar dos pacientes e rastrear os seus contatos”, complementou.
Segundo Tedros, tem havido progresso na busca por vacinas e tratamentos, mas não é necessário esperar por isso. “Há coisas que todo indivíduo pode fazer para se proteger”, disse. “O risco que você corre depende de onde você vive, sua idade e condições gerais de saúde. Todo mundo deve conhecer os sintomas. Para a maioria, começa com uma febre e tosse seca, não com nariz escorrendo. A maioria das pessoas vai ter uma doença leve e vai melhorar sem precisar de cuidado especial.”
Ele ressalta que quem tem mais de 60 anos ou se tem condições específicas como doenças cardiovasculares, respiratórias e diabetes está em risco mais alto de desenvolver um quadro severo da doença. E recomenda que essas pessoas evitem aglomerações ou lugares onde podem interagir com pessoas doentes.
O diretor-executivo do programa de emergências da OMS, Michael Ryan, explicou que a elevação de risco de alto para muito alto reflete o fato de que a doença está surgindo em muitos países e o fato de que alguns estão sofrendo para conter a propagação. E que serve principalmente como mensagem para que os países que têm os primeiros registros ajam rapidamente para tentar conter a propagação. “É um chamado para acordar e ficarem prontos. O alerta é para dizer que podemos conter isso”, afirmou.
A todo momento, países em todo o mundo têm anunciado que já têm o seu primeiro caso. Os registros vão além dos informados pela OMS. Confira as notificações feitas por cada país:
- China: 2.788 mortes entre 78.824 casos
- Hong Kong: 94 casos, 2 mortes
- Macau: 10 casos
- Coreia do Sul: 2.337 casos, 16 mortes
- Japão: 931 casos, incluindo 705 do navio de cruzeiro Diamond Princess, 11 mortes
- Itália: 650 casos, 15 mortes
- Irã: 388 casos, 34 mortes
- Cingapura: 98
- Estados Unidos: 60
- Alemanha: 53
- Kuwait: 45
- Tailândia: 41
- França: 38 casos, 2 mortes
- Bahrain: 36
- Taiwan: 34 casos, 1 morte
- Espanha: 32
- Malásia: 25
- Austrália: 23
- Emirados Árabes Unidos: 19
- Reino Unido: 19
- Vietnã: 16
- Canadá: 14
- Suécia: 7
- Iraque: 6
- Omã: 6
- Rússia: 5
- Croácia: 5
- Suíça: 5
- Israel: 4
- Grécia: 4
- Filipinas: 3 casos, 1 morte
- Índia: 3
- Líbano: 3
- Romênia: 3
- Paquistão: 2
- Finlândia: 2
- Áustria: 2
- Holanda: 2
- Geórgia: 2
- México: 2
- Egito: 1
- Argélia: 1
- Afeganistão: 1
- Macedônia do Norte: 1
- Estônia: 1
- Lituânia: 1
- Bélgica: 1
- Bielorrússia : 1
- Nepal: 1
- Sri Lanka: 1
- Camboja: 1
- Noruega: 1
- Dinamarca: 1
- Brasil: 1
- Nova Zelândia: 1
- Nigéria: 1
- Azerbaijão: 1 Informações Estadão / Foto: Yara Nardi/Reuters