Os pesquisadores identificaram que nas três primeiras semanas de sintomas houve aumento na produção de IgG e também dos anticorpos IgM — formados durante a resposta primária a patógenos complexos. Após esse período, no entanto, a concentração de IgM diminuiu. Esses dois anticorpos são os tipos identificados pelos testes rápidos para o novo coronavírus.
De um total de 285 pacientes analisados em três hospitais da província de Hubei, na China, epicentro inicial das infecções por COVID-19, os pesquisadores acompanharam 63 deles até receberem alta médica. Foram coletadas amostras de sangue com intervalo de três dias. Entre estes pacientes, a taxa de soroconversão (o momento em que uma pessoa tem anticorpos suficientes a uma doença para ser detectado em exames) foi de 96,8% (61 de 63) durante o período de acompanhamento.
O estudo identificou ainda que o dia médio para a soroconversão, seja por para IgG ou IgM, foi o 13º após o início dos sintomas. Os pesquisadores não avaliaram por quanto tempo esses dois anticorpos são efetivos contra o novo coronavírus. Em sua conclusão, o estudo indica que que os exames sorológicos para a doença são um importante complemento aos exames moleculares (RT-PCR, que identifica o vírus no período em que está ativo no organismo) e para os casos assintomáticos da COVID-19.
“A confirmação de casos suspeitos de COVID-19 o mais cedo possível com a ajuda de testes sorológicos pode reduzir o risco de exposição durante amostragens repetidas e economizar testes de RT-PCR”, escreveram os pesquisadores. “Em nossa pesquisa, sete casos com resultados negativos de RNA [testados pelo método PT-PCR] e sem sintomas mostraram IgG e/ou IgM positivos. Isso destaca a importância dos testes sorológicos para obter estimativas mais precisas da extensão da pandemia do COVID-19.”
Comparação de critérios
Os pesquisadores também avaliaram se os critérios recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para confirmação da infecção pela Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) — soroconversão e aumento de quatro vezes nos anticorpos específicos para IgG — são eficientes para os casos do novo coronavírus.
Foram usadas amostras de 41 pacientes, coletadas na primeira semana da doença e depois de outras duas ou três semanas. Um total de 18 pacientes se tornaram soropositivos na primeira semana da doença; destes, oito tiveram um aumento de quatro vezes nos anticorpos IgG específicos para vírus.
Eles também identificaram que 51,2% (21 de 41) dos pacientes que eram soronegativos na primeira semana desenvolveram anticorpos para a COVID-19. No geral, 70,7% (29 de 41) dos pacientes com COVID-19 preencheram os critérios de soroconversão de IgG e/ou aumento de quatro vezes ou mais nesse tipo de anticorpo. Informações: CNN Brasil/ Foto ilustrativa