Crise no setor aéreo: companhias registram prejuízos bilinários, recuperação judicial e até falência

O momento definitivamente não é dos melhores para o setor aéreo. A pandemia da Covid-19, que causou o fechamento de fronteiras e desacelerou o turismo, atingiu em cheio as companhias aéreas. Empresas pedem recuperação judicial ou dependem da ajuda de seus governos para continuar operando.

Com altos custos, incluindo a necessidade de manter um quadro de funcionários nada enxuto e gastos com manutenção, companhias aéreas trabalham com margens financeiras apertadas e ficam mais vulneráveis em momentos de crise financeira. Empresas que já enfrentam dificuldades financeiras por fragilidades na própria administração acabam não sobrevivendo, caso de Varig e Vasp.

Muitas empresas aéreas já não estavam saudáveis financeiramente e a redução no número de voos a partir de março foi um golpe duro para o setor, porque derruba as receitas. Dados da consultoria Oliver Wyman mostram que, na primeira semana de abril, os voos foram reduzidos em 92% no Brasil.

Veja a situação de empresas que estão com dificuldades ou já pararam de operar:

Avianca 

A Justiça brasileira decretou nesta terça-feira (14) a falência da companhia aérea brasileira. As dívidas somam R$ 2,7 bilhões e os aviões da empresa já não decolavam desde maio do ano passado no mercado doméstico.

Mas a situação da Avianca não é culpa do coronavírus. Os problemas financeiros estavam presentes na companhia há anos. A empresa chegou a tentar negociar slots (horários de pousos e decolagens em aeroportos) que utilizava por cerca de R$ 780 milhões para Latam e Gol, mas a operação não foi adiante por uma decisão da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) de redistribuir esses espaços.

Latam 

O braço brasileiro do Grupo Latam Airlines entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos na semana passada. As afiliadas da empresa no Chile, Peru, Colômbia, Equador e Estados Unidos já estavam em processo de proteção contra credores desde maio.

A medida em tese não deve interferir na operação brasileira. A Latam já disse que vai realizar voos normalmente dentro e fora do Brasil.

Diferentemente da Avianca, cujos problemas não tiveram relação com o coronavírus, a Latam afirma que o pedido de recuperação foi tomado por causa do prolongamento da crise causada pela pandemia, que gerou perdas importantes para o setor.

A Latam Argentina parou de voar no país vizinho. Outras subsidiárias do grupo continuam operando. Em nota à imprensa, a Latam disse tomou a decisão diante da “dificuldade de construir acordos estruturais com os atores da indústria local, não sendo possível visualizar um projeto viável e sustentável a longo prazo”.

American Airlines

A empresa norte-americana também sofre com a pandemia do novo coronavírus. Em abril, a companhia informou que teve prejuízo líquido de US$ 1,1 bilhão no primeiro trimestre. Foi o primeiro resultado negativo desde que a American Airlines saiu da recuperação judicial em 2013.

Agora, a empresa planeja obter US$ 3,5 bilhões em novos financiamentos para melhorar sua condição de liquidez. A empresa ainda informou que planeja captar US$ 1,5 bilhão com a venda de ações e títulos seniores conversíveis até 2025.

Delta Air Lines 

A Delta é outra aérea que vem sofrendo com a crise. A empresa registrou prejuízo líquido ajustado de US$ 2,8 bilhões no segundo trimestre. A receita com passagens despencou 94% no período.

A aérea reduziu pela metade o número de voos que planejava adicionar em agosto em meio a um aumento dos casos de Covid-19 nos Estados Unidos e alertou que serão necessários mais de dois anos para que a indústria veja uma recuperação sustentável do “espantoso” impacto da pandemia.

A empresa ainda não decidiu se aceita um empréstimo garantido de US$ 4,6 bilhões nos termos da lei americana de estimulo à economia em meio à pandemia. A Delta já recebeu do governo americano US$ 5,4 bilhões para cobrir a folha de pagamento até setembro.

 

Informações: CNN Brasil Business (Leonardo Guimarães) / Foto: Luiza Gonzalez/Reuters

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