Roupas com tecido contra coronavírus já são realidade brasileira

Em meio à pandemia, pesquisadores brasileiros, em parceria com startups, desenvolveram um tecido capaz de inativar o coronavírus em sua superfície

As roupas com tecido anti-Covid-19 já são uma realidade. Em meio à pandemia, pesquisadores brasileiros, em parceria com startups, desenvolveram um tecido capaz de inativar o coronavírus em sua superfície. Corta o tecido. Molda. Embala. Tudo tem que ser rápido. Trabalho é o que não falta em uma fábrica de roupas em São Paulo. “A nossa demanda aumentou três a quatro vezes de um mês para o outro. Aí a gente teve que se adequar a essa nova exigência, preparar um time interno nosso, fornecedores e estoque é superdemandante”, conta o sócio-fundador da Insider, Yuri Alves Gricheno.

Na contramão de muitas atividades que desaceleraram com a Covid-19, essa fábrica chama a atenção. E o segredo está justamente na pandemia: são máscaras e camisetas feitas com nanopartículas de prata. O material, segundo o fabricante, impede a ação do coronavírus. “A inativação se dá na superfície do tecido. Do lado de fora, se você recebe um jato de secreção contaminada com vírus. E de dentro para fora, se você está contaminado e espirra eventualmente na máscara”, diz Carolina Matsuse, sócia-fundadora da Insider.

O tecido antiviral da camiseta é capaz de repelir a água. Portanto, se uma pessoa espirrar próximo, o tecido não absorve as gotículas de água. A virologista e professora da Unicamp, Clarice Arns, fala que a ação do tecido de repelir a água é chamada de hidrofobia. Em dois meses, ela testou em laboratório pelos menos 50 tecidos e 28 foram aprovados.

“É um teste extremamente rigoroso, extremamente chato. Ele é uma técnica já preconizada internacionalmente. Ele é revisto a cada tempo e tempos. A gente segue uma técnica, uma norma internacional que é a tal da ISO 184 que é específica para o material têxtil. Então é claro que a gente faz todo o procedimento e depois se conclui que o tecido tem atividade virucida ou não tem.” O combate ao coronavírus também inspirou uma fábrica no Rio Grande do Sul. A empresa desenvolveu a sola de um sapato feita com um material que consegue inativar o vírus que entram em contato com ela.

O gerente de pesquisa e inovação Filipe Fagundes comemora a aprovação do produto em laboratório, mas não revela os componentes da fórmula. “Trata-se de um aditivo com ação antiviral. Nós temos que salientar que ele não mata o vírus, mas ele atua inibindo a ação do vírus quando há o contato humano. O objetivo é justamente esse, é quebrar a cadeia de contaminação, esse é o nosso grande objetivo e dar segurança para as pessoas conseguirem trabalhar, conseguirem sair de casa quando necessário, esse é o nosso objetivo.”

Tanta tecnologia empolga quem já está acostumado a não duvidar da ciência. “Eu fiquei impressionada, depois que eu comecei, começou a vir mais um, mais um, e a gente testando. E aí eu checava isso com meus colegas do exterior, que já trabalham com isso. ‘É assim mesmo?’. Porque a gente fica até em dúvida, não é possível. Mas eu achei show”, diz a virologista Clarice Arns.

Informações: Jornal da Globo / Foto: Reprodução de vídeo

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