Desemprego no Brasil chega a 13,3% e tem redução recorde de ocupados

O Brasil encerrou o segundo trimestre com a maior taxa de desemprego em três anos e redução recorde no número de pessoas ocupadas, como consequência das medidas de contenção da pandemia de coronavírus, que deixou 12,8 milhões de desempregados no período.

No total, 8,9 milhões de pessoas perderam seus postos de trabalho de abril a junho, em relação ao período de janeiro a março. Com isso, a população ocupada ficou em 83,3 milhões, o menor nível da série histórica, iniciada em 2012. Na comparação com o mesmo período de 2019, a queda foi de 10,7%.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada hoje (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o primeiro trimestre do ano, a taxa de desocupação subiu 1,1 ponto percentual e fechou o segundo trimestre em 13,3%.

Por outro lado, o número de desocupados ficou estável em 12,8 milhões de pessoas. Segundo a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, essa estabilidade na desocupação se explica pela redução da força de trabalho, que soma as pessoas ocupadas e as desocupadas.

“Essa taxa é fruto de um percentual de desocupados dentro da força de trabalho. Como a força de trabalho sofreu queda recorde de 8,5% em função da redução no número de ocupados, a taxa cresce percentualmente mesmo diante da estabilidade da população desocupada”.

A força de trabalho potencial chegou a 13,5 milhões de pessoas, com a entrada de 5,2 milhões de pessoas na categoria. Esse grupo reúne pessoas disponíveis para trabalhar, mas que não se enquadram como ocupados nem como desocupados. Segundo Adriana, motivos ligados à pandemia de covid-19 foram alegados por boa parte das pessoas por não estarem trabalhando.

O nível da ocupação caiu 5,6 pontos percentuais frente ao trimestre anterior, atingindo 47,9%, o menor da série histórica. A população subutilizada cresceu 15,7%, chegando a 29,1%, um total de 31,9 milhões de pessoas. Já a população fora da força de trabalho chegou a 77,8 milhões de pessoas, o maior contingente da série histórica, com crescimento recorde de 15,6%, ou 10,5 milhões de pessoas, na comparação trimestral.

Comércio

Todos os setores analisados pela Pnad Contínua sofreram perdas no número de ocupados. A área mais atingida foi o comércio, onde 2,1 milhões de pessoas perderam suas vagas, uma queda de 12,3% na comparação trimestral. Na categoria alojamento e alimentação, a redução atingiu 1,3 milhão de pessoas, uma queda de 25,2% no setor.

Na construção, foram 1,1 milhão de trabalhadores a menos, o que representa uma redução de 16,6% na ocupação. Em serviços domésticos, a queda chegou a 21,1%, um total de 1,3 milhão de pessoas.

Os desalentados chegaram ao mais alto nível da série histórica – 5,7 milhões de pessoas – um acréscimo de 19,1% em relação ao trimestre anterior. A categoria inclui as pessoas que desistiram de procurar ocupação.

Carteira assinada

O número de postos de trabalho com carteira assinada no setor privado chegou ao mais baixo patamar da série histórica – 30,2 milhões de pessoas empregadas formalmente –  uma queda de 8,9%, que corresponde a 2,9 milhões de pessoas.

Os empregadores ficaram em 4 milhões de pessoas, uma queda de 9,8% em relação ao primeiro trimestre de 2020. O grupo de empregados no setor público, incluindo servidores estatutários e militares, chegou a 12,4 milhões, um aumento de 6,1%.

Na categoria dos empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada a queda foi de 2,4 milhões de pessoas, totalizando 8,6 milhões no trimestre encerrado em junho.Os trabalhadores por conta própria diminuíram 10,3% e somam 21,7 milhões de pessoas, 2,5 milhões a menos do que no primeiro trimestre do ano.

Entre os trabalhadores informais, os empregadores sem CNPJ tiveram queda de 16,9%, totalizando 665 mil pessoas nessa situação. Adriana Beringuy destaca que a queda na informalidade representa 68% da queda total da ocupação no trimestre.

Com menos trabalhadores informais, que tem remunerações menores, o rendimento médio habitual aumentou 4,6% no segundo trimestre, chegando a R$ 2,5 mil, o maior desde o início da série histórica. Por outro lado, com o aumento da desocupação geral, a massa de rendimento real teve redução de 5,6%, com uma perda de R$ 12 bilhões.

 

Foto: Tomaz Silva (Ag. Brasil)

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