Após a paralisação temporária das atividades de engajamento comunitário, devido à pandemia do novo coronavírus, as ações para soltura dos primeiros mosquitos com a bactéria Wolbachia retornou na última semana. A previsão é que os insetos sejam liberados no início do mês que vem.
O projeto é uma forma complementar às ações de combate às doenças provocadas pelo Aedes aegypti, como dengue, zika e chykungunia. Nele é introduzida uma bactéria, comum em 60% dos insetos, mas que não está presente na espécie, e assim, impedir que o vírus da doença se multiplique no organismo do mosquito.
Desde fevereiro deste ano está acontecendo as ações de engajamento da população e conscientização sobre o programa para a soltura dos insetos, que tinha previsão para iniciar no segundo semestre do ano, mas com a pandemia as atividades foram suspensas e precisaram ser reiniciadas na segunda quinzena de outubro.
“Começamos, de forma mais intensa agora, o engajamento da população. É importante que todos saibam o que estamos fazendo e aprovem a soltura dos mosquitos com Wolbachia, a partir daí se inicia a liberação deles”, explica do coordenador do projeto, Gabriel Sylvestre.
Liberação dos mosquitos
Ao todo, será uma média de oito mil recipientes com mosquitos liberados por semana, durante quatro meses, nos sete bairros da primeira etapa do programa. Será feita a soltura nos bairros Guanandi, Aero Rancho, Batistão, Centenário, Coophavila II, Tijuca e Lageado.
Assim que iniciada a soltura, a fase de conscientização e orientação da população que mora na região da segunda etapa se inicia, que acontecerá nos bairros Centro Oeste, Vila Jacy, Jockey Clube, Moreninhas, Pioneiros, Parati, Alves Pereira, Piratininga, Taquarussu, Jardim América e Los Angeles.
Esses mosquitos com Wolbachia que serão soltos são produzidos aqui na cidade, na biofábrica que está em fase final de instalação na cidade. Considerado como um processo autossuficiente, após certo período de liberação dos mosquitos, não será mais necessária a fabricação destes, uma vez que a maior parte da população desses insetos na cidade já será portador da bactéria.
Método Wolbachia
A Wolbachia é uma bactéria intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, ela impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do mosquito, contribuindo para redução destas doenças. Não há modificação genética nem no mosquito, nem na bactéria.
O Método Wolbachia consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais e gerar uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia. Veja ilustração abaixo:
Uma vez que os mosquitos com Wolbachia são liberados no ambiente, eles se reproduzem com mosquitos de campo e ajudam a criar uma nova geração de mosquitos com Wolbachia. Veja ilustração abaixo:
Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça alta sem a necessidade de novas liberações.
O Método Wolbachia foi desenvolvido na Austrália pelo World Mosquito Program, uma iniciativa internacional sem fins lucrativos que trabalha no combate às doenças transmitidas por mosquitos e atualmente opera em 12 países, em mais de 20 cidades.
No Brasil, o método é implementado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com financiamento do Ministério da Saúde, em parceria com governos locais. Após resultados muito promissores de redução destas arboviroses no Brasil e no mundo, o WMP entrou em expansão nacional no ano de 2019. Atualmente o WMP está sendo implementado nas cidades de Campo Grande (MS), Petrolina (PE) e Belo Horizonte (MG) com financiamento do Ministério da Saúde e em parceria com os Governos locais e diversos outros parceiros locais.
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