Taiwan investe em submarinos de última geração para afastar ameaça chinesa

Taiwan começou a construir uma frota de submarinos de última geração para reforçar ainda mais suas capacidades defensivas, um movimento que analistas dizem que pode complicar eventuais planos militares chineses para invadir a ilha ou instalar um bloqueio naval.

A construção do primeiro dos oito novos submarinos começou no mês passado em uma instalação na cidade portuária de Kaohsiung, com a previsão de que seja possível realizar testes no mar em 2025.Em uma cerimônia que marcou o início do programa, a presidente taiwanesa Tsai Ing-wen afirmou que esse é um “marco histórico” que “demonstra a forte vontade de Taiwan para o mundo”.

Pequim reivindica total soberania sobre Taiwan, uma democracia de quase 24 milhões de pessoas localizada na costa sudeste da China continental, apesar do fato de os dois lados serem governados separadamente por mais de sete décadas.

O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que Pequim nunca permitirá que a ilha se torne independente e se recusou a descartar o uso da força se necessário. Mas Tsai foi desafiador, dizendo que Taiwan está na vanguarda da “defesa da democracia da agressão autoritária” na Ásia.

Por vários meses, o Exército de Libertação do Povo da China tem aumentado a pressão militar na ilha, enviando aviões de guerra para a zona de identificação de defesa aérea de Taiwan e intensificando os exercícios militares nas ilhas próximas, medidas amplamente interpretadas como uma ameaça a Taipei.

Mas qualquer flotilha de invasão do Exército chinês teria que cruzar o Estreito de Taiwan, a faixa de água relativamente estreita que separa Taiwan do continente.

E é aí que os analistas dizem que os submarinos planejados de Taiwan – que substituiriam sua frota de quatro submarinos que datam da Segunda Guerra Mundial – podem fazer uma grande diferença.

Frotas silenciosas

 

Os submarinos permanecem entre as principais plataformas de armas de reserva do mundo e podem exercer uma forte influência sobre qualquer frota inimiga em potencial.

Os submarinos taiwaneses devem ser do tipo “diesel-elétrico”, funcionando com motores a diesel na superfície, mas usando motores elétricos ultrassilenciosos alimentados por baterias de íon de lítio de longa duração quando submersos, disseram analistas.

Escolher os submarinos diesel-elétricos em vez dos nucleares como o da Marinha dos Estados Unidos – e cada vez mais da China – foi uma escolha fácil para Taipei. Submarinos diesel-elétricos são mais fáceis e baratos de construir. E quando submersos, os motores elétricos produzem menos ruído do que os reatores nucleares.

Os submarinos silenciosos seriam difíceis de serem detectados para as unidades de guerra anti-submarino (ASW) do Exército chinês, sugerem os analistas, o que significa que eles poderiam permanecer à espreita perto do fundo do Estreito de Taiwan e subir para abater os transportes de tropas de Pequim enquanto eles se dirigem para Taiwan.

“As capacidades do ASW chinês são fracas e as condições acústicas nessas águas muito rasas e barulhentas são muito difíceis, mesmo para capacidades ASW avançadas, como aquelas implantadas pelo Japão e os EUA”, disse Owen Cote, diretor associado do Programa de Estudos de Segurança do Instituto de Massachusetts de Tecnologia e especialista em guerra submarina.

Embora ainda não esteja claro com qual tecnologia os submarinos serão equipados, no início deste ano, Washington deu a Taipei aprovação para adquirir torpedos Mark 48.

“Cada (grande porta-tropas) atingido por um torpedo, especialmente um moderno como o Mark 48 dos Estados Unidos, remove um batalhão de tropas da força de invasão. Portanto, ninguém vai enviar esses navios anfíbios de assalto ao Estreito até que eles sejam confiante de que está livre de submarinos”, disse Carl Schuster, ex-capitão da Marinha dos EUA que agora é analista da Unversidade Hawaii Pacific.

Além de usar torpedos dos EUA, os submarinos devem incorporar outras tecnologias de ponta dos EUA e do Japão, disseram analistas.

Washington há muito fornece armas ao território como parte da Lei de Relações com Taiwan, de 40 anos, e recentemente aprovou várias vendas importantes de armamentos para a ilha, avaliadas em cerca de US$ 10 bilhões no total – incluindo dezenas de caças F-16 e tanques M1A2T Abrams, além mísseis antiaéreos Stinger portáteis.

Autoridades taiwanesas já expressaram esperança de que os EUA ajudem no fornecimento de equipamentos e sistemas essenciais adicionais necessários para os submarinos.

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