Do nascimento à terceira idade, o brasileiro toma 18 tipos diferentes de vacina

Com a aprovação da Anvisa para o uso emergencial das vacinas da Coronavac e AstraZeneca e o início da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil, outro grande desafio surge: os boatos e as “fake news” que colocam em risco a credibilidade dos imunizantes. Muita gente ainda resiste mesmo sabendo que a “esperança” é fruto de meses de trabalho da comunidade científica mundial.

Uma pesquisa (Ibope) encomendada pela Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) e Avaaz feita com 2 mil brasileiros acima de 16 anos no final do ano passado, mostra que 67% – cerca de sete a cada dez brasileiros- acreditam em alguma informação falsa relacionada à vacinação.

O estudo mostra evidências de que as notícias falsas tenham impactado na decisão de não se vacinar. Entre os que responderam que não se vacinariam, 57% relataram pelo menos um motivo considerado como desinformação pelos profissionais da SBIm e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Fato é que desde que nascemos, tomamos pelo menos 18 tipos de vacinas ao longo da vida. Algumas com até três doses aplicadas em períodos diferentes. BCG, tríplice bacteriana, poliomielite, influenza, HPV, varicela (catapora), difteria e tétano são algumas das vacinas que integram o Programa Nacional de Imunizações do Brasil (PNI), considerado o maior programa de imunização gratuita do mundo, e que permite que a população tenha acesso a todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

As vacinas ajudam a evitar desde doenças mais simples, como uma gripe, até problemas mais sérios que podem evoluir para um câncer. Portanto, não devem ser ignoradas pela população.  A gerente técnica de Imunização da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Ana Paula Rezende Goldfinger, explica que as vacinas têm o propósito de estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos.

“O Brasil sempre foi referência mundial de imunização, uma vez que oferta de forma gratuita várias vacinas pelo Sus. Mas a alguns anos estamos notando uma baixa quanto as coberturas vacinais, não estamos atingindo metas que antes eram facilmente atingidas. A população não está pensando no perigo que poderemos enfrentar caso tenhamos a introdução de vírus antes eliminados retornarem”, alertou.

Sobre a resistência da população às doses da Coronavac e AstraZeneca, ela reforça que os imunizantes são rigorosamente testados e avaliados até que possam ser liberados e ofertados para população. “Tem eficácia comprovada, previnem doenças e em alguns casos erradicas, como é o caso da poliomielite, que não existe no Brasil desde o início dos anos 90 devido às políticas de prevenção do Ministério da Saúde”.

A saúde do brasileiro x insumos chineses

Para os que acreditam em teorias da conspiração, a realidade é que há muito tempo boa parte dos remédios no Brasil são produzidos com insumos vindos da China, que nos últimos 20 anos se tornou uma potência em produção de medicamentos.

Os laboratórios nacionais importam cerca de 95% dos chamados insumos farmacêuticos ativos, que é a substância que dá ao medicamento a sua característica farmacêutica, ou seja, aquilo que faz com que um determinado medicamento funcione.

Relatório publicado em outubro pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) mostra que os dois maiores fornecedores do Brasil são Índia (37% dos princípios ativos, biológicos ou não) e China (35%).

“Por razões econômicas e tecnológicas, o mundo todo importa insumos desses dois países”, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), Norberto Prestes em entrevista à BBC.

Mireli Obando, Subcom

Foto: Edemir Rodrigues

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