Covid longa poderá ser classificada como doença autoimune, dizem pesquisadores

A agência de saúde norte-americana National Institutes of Health (NIH) anunciou o início de um novo estudo para descobrir o porquê dos sintomas de covid-19 permanecerem por muito tempo em alguns pacientes. A primeira teoria da pesquisa é de que o vírus desencadeia uma reação autoimune do organismo.

Com isso, sintomas como falta de ar, fadiga, perda de olfato e dores musculares persistem. “Não podemos afirmar com certeza que é uma doença autoimune, mas é o que realmente começa a parecer”, afirmou o pesquisador da University of Arkansas for Medical Sciences, John Arthur.

Arthur e outros colegas pesquisadores publicaram um estudo neste mês em que sugeriram que alguns pacientes com covid-19 desenvolvem anticorpos que atacam suas próprias proteínas, o que acontece, geralmente, em doenças autoimunes. O processo causa uma inflamação que pode desencadear a covid longa. “Tudo se encaixa até agora”, disse Arthur.

De acordo com cientistas, quando uma pessoa é infectada com o vírus, seu corpo desenvolve anticorpos para neutralizá-lo. Contudo, o sistema imunológico de determinados pacientes identifica, de maneira equivocada, alguns desses anticorpos como uma ameaça.

O grupo analisou amostras de sangue de 32 pacientes com covid-19 que doaram seus plasmas e outros 15 que foram hospitalizados na University of Arkansas. Cerca de 81% dos doadores de plasma e 93% dos hospitalizados desenvolveram um anticorpo que inibiu as enzimas ACE2. Elas servem como porta de entrada para o coronavírus, mas também são importantes para acalmar o sistema imunológico.

Sem a quantidade suficiente de ACE2, o sistema imunológico pode produzir inflamação. “É como se você tivesse um monte de cabelo no ralo e a água começasse a se acumular em cima”, exemplificou John Arthur.

Apesar da teoria, os pesquisadores reforçaram que são necessários mais estudos para determinar com certeza se os anticorpos ACE2 são a causa da covid longa. A pesquisa anunciada receberá um investimento de cerca de US$ 470 milhões.

Se a ideia defendida pelos cientistas estiver correta, os tratamentos da doença devem mudar. Medicamentos para pressão arterial, por exemplo, podem ser usados para combater a inflamação. Além disso, as vacinas contra o vírus ajudam a aliviar os sintomas, segundo pesquisa realizada no Reino Unido.

 

Fonte: Época Negócios / Foto: Andriy Onufriyenko – Getty Images

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *