O tempo só traz lembranças boas para os moradores e proprietários de balneários do distrito de Cachoeirão, em Terenos. Antigamente, o movimento maior era de turistas que vinham de trem e desembarcavam na pequena estação do povoado a beira do Rio Cachoeirão.
“Ficavam quase meia hora descarregando turistas para virem para cá. Naquele tempo não haviam muitas opções de lazer, então, o pessoal vinha para o Cachoeirão”, recordou Celina Corbeta Barretos, de 72 anos, proprietária de um dos mais tradicionais balneários da região, o Cachoeirão do Carlão.
De São Paulo, dona Celina chegou ao distrito na década de 1980, depois de ter vindo passar as férias com a família. Ela tinha uma distribuidora de bebidas na capital paulista, mas os frequentes roubos a fizeram mudar para Mato Grosso do Sul. Dona Celina e seu esposo compraram parte do balneário e iniciaram a trajetória de 40 anos no local, acumulando muito trabalho e boas histórias.
Ela recorda que, quando o trem de passageiros encerrou as atividades, há aproximadamente 25 anos, as pessoas começaram a vir mais de veículo próprio, pela estrada vicinal que dá acesso ao distrito. “A nossa estrada dificulta muito porque os turistas chegam reclamando desse pedacinho, muita trepidação no carro, solta parafusos, estraga a parte mecânica do carro. Mas, agora vamos ter o sonho realizado de que vai chegar o nosso asfalto. Isso vai viabilizar para o turista”, afirmou.
A chegada do asfalto já impulsiona os planos do filho da dona Celina, Carlos Corbeta Barretos, de 44 anos. Ele vai assumir a administração e manter vivo o local, como promete. “Vamos dar continuidade ao balneário Cachoeirão na intenção de evoluir, dar uma repaginada, uma mudada boa. O asfalto que está vindo é uma benção para a gente, agradecemos ao Governo do Estado que está trazendo esse investimento e que vai agregar muitas coisas boas, trazendo muitos benefícios”, disse.
Carlos tem uma empresa de transporte em São Paulo e planeja trazê-la para o Mato Grosso do Sul. “Pretendo trazer o transporte no segmento de vans executivas, fazer excursões e fretamentos para cá, no balneário Cachoeirão e região. Graças a Deus está tudo acontecendo ao mesmo tempo, agora é planejar e fazer acontecer”, contou.
Conhecido como “Mineiro”, Elder Victor de Vasconcelos, de 55 anos, chegou ao distrito há 25. Ele veio para trabalhar com o tio e, junto com a esposa, comprou uma chácara a beira do Cachoeirão. Com o tempo foi investindo, construiu uma piscina, quiosques e apartamentos para acomodar os visitantes, além de uma conveniência a beira da estrada, onde hoje é o balneário e pesqueiro Raio de Sol.
Mineiro conta que, em todo esse tempo que mora no distrito, perdeu as contas de quantas vezes teve que socorrer alguém na estrada com o veículo estragado. “Muita gente não vem porque não quer colocar o carro em estrada de terra. Eu acredito que agora, com o asfalto, o movimento vai dobrar”, afirmou o comerciante, animado até para comprar um carro novo depois que o asfalto estiver pronto. E ele vai além. Com alvará para ativar um ponto de taxi no distrito, quer iniciar o novo serviço aos turistas.
A beleza do Rio Cacheirão e dos balneários que o margeiam foram decisivos na hora da professora Vanessa Guedes da Silva, de 37 anos, escolher onde se refrescar com a família. Ela veio de São Paulo para visitar o avô em Campo Grande e achou o distrito após pesquisa na internet. Ela conta que se apaixonou pelo local, mas o esposo já pensou no carro. “Meu marido disse que se soubesse que a estrada era ruim não teria vindo, no caso a estrada de terra afugenta um pouco os visitantes, aí você pensa: ‘se chover, como vou sair daqui’. A pavimentação seria bom para o local, os visitantes viriam mais”, disse. A professora conta ainda que se perdeu um pouco no caminho pela falta de sinalização. “O acesso é meio complicado, mas o local é gostoso”, acrescentou.
Morador de Campo Grande, Eder Centurião de Souza, de 36 anos, frequenta o Cachoeirão há três anos. Ele opta pelo local por ser um ambiente tranquilo e familiar, mas ressalta que, no caminho, dirige com muito cuidado para não ter problemas com o carro por causa das condições da estrada. “Sempre tomo cuidado ao transitar em estrada não pavimentada, ando bem devagar para não estragar o carro. Com o asfalto vai ser melhor para a gente, mais acessível e pode ser que a gente venha mais vezes”, afirmou.
A exemplo de Piraputanga, o acesso a Cachoeirão, depois de pavimentado, se fortalecerá como uma das rotas de turismo de Mato Grosso do Sul. Em 2019, o Governo do Estado entregou a obra na MS-450, a Estrada Ecológica entre os distritos de Palmeiras e Piraputanga. O investimento de R$ 21,2 milhões mudou o cenário local, alavancando o turismo e atraindo investimentos como restaurantes, hotéis, pousadas e pesqueiro. O movimento maior de turistas foi consequência da boa estrutura para passeio rápido e encantador, a pouco mais de 100 quilômetros da Capital, Campo Grande.
Obra no acesso a Cachoeirão
Com a obra em fase inicial, o Governo do Estado investe R$ 4.050.420,62 na pavimentação dos cinco quilômetros da estrada vicinal entre o entroncamento com a BR-262 e o distrito de Cachoeirão. A obra vai mudar a realidade da comunidade, como destaca o governador Reinaldo Azambuja. “Desde o início do nosso governo, investimos na estrutura dos municípios, sem nos esquecer dos distritos. Esses locais, tão importantes para o nosso turismo, não podem ficar esquecidos. Essa pavimentação é o impulso que a população do Cachoeirão precisa para o desenvolvimento”, destacou o governador.
Para o secretário de Estado de Infraestrutura, Eduardo Ridel, a obra fortalece a região em diversos setores. “Quando falamos em obras e infraestrutura, estamos falando em ferramentas que fortalecem os municípios na economia, na saúde e no turismo. Nesse sentido, essa obra moderniza a região, e aproxima os turistas dos balneários, fortalecendo a competitividade e gerando mais empregos. E isso que tem acontecido no Estado, Mato Grosso do Sul só vai crescer se todos os municípios crescerem juntos”, pontuou.
Com recursos do Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário de Mato Grosso do Sul (Fundersul), a obra deve ficar pronta em 180 dias a começar do início dos serviços, em novembro de 2021.
Joilson Francelino, Subcom
Fotos: Edemir Rodrigues