Estima-se que 500 brasileiros estejam na região conflagrada, mas ainda é incerto o número de pessoas que desejam ser repatriadas
O comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), brigadeiro Marcelo Damasceno, afirmou neste domingo (8) que está otimista em relação à operação para resgatar brasileiros em Israel. “Chegaremos rápido, consideramos a distância e a sensibilidade da missão”, disse.
Estima-se que 500 brasileiros estejam na região conflagrada, mas ainda é incerto o número de pessoas que desejam ser repatriadas.
A primeira aeronave da FAB deixa o Brasil neste domingo. Ainda não há previsão de retorno. A missão é coordenada pelos ministérios de Relações Exteriores e da Defesa.
Damasceno afirmou que a missão reflete o compromisso político da Aeronáutica. “Este é o senso político de nossa Força Aérea. Defender o espaço aéreo, fazer o controle aéreo deste nosso imenso espaço aéreo e integrar o território cooperando a unidade nacional. Essa missão é típica para tal. Dará tudo certo”, reforçou.
Mais cedo, o governo federal informou que seis aeronaves serão utilizadas na missão. As equipes serão integradas por médicos e enfermeiros.
O conflito
O chefe do exército de israelense, o general Herzi Halevi, afirmou em pronunciamento nesta segunda-feira (9) que as Forças de Defesa de Israel (FDI) estão “prontas para uma longa batalha” contra o grupo palestino Hamas e outros grupos militantes inimigos.
O posicionamento de Halevi vem após o maior conflito entre palestinos em Israel em décadas estourar no último sábado (7), quando o Hamas reivindicou o lançamento de milhares de mísseis em direção à Israel e declarou guerra contra o país.
“A intrusão de terroristas nas casas de civis de pessoas na Faixa de Gaza, e a captura de mulheres e crianças – isto é terrorismo assassino”, afirmou o general.
“Portanto, estamos atacando, perseguindo e prejudicando qualquer pessoa que participou do ataque. E é assim que continuaremos.”
A guerra se intensificou quando o grupo libanês Hezbollah emitiu um comunicado reivindicando a responsabilidade por atacar três locais israelenses em uma área conhecida como Fazendas Shebaa, usando mísseis e artilharia.
Israel respondeu aos ataques disparando contra a área do Líbano onde o ataque se originou, de acordo com a FDI anteriormente.
O número de mortos aumenta na medida em que os combates se intensificam – os número de domingo saltaram para mais de 430 em Gaza, com cerca de 2.200 feridos, segundo o Ministério da Saúde palestino em Gaza; e mais de 700 mortos em Israel, segundo a FDI.
Contra-ataques
Na cidade de Gaza, um campo de refugiados palestinos foi atingido por ataques aéreos de Israel nesta segunda-feira (9).
“Sem aviso, eles nos atingiram sem qualquer aviso. Era um [avião] F-16. Não houve aviso, nada. E você pode ver a destruição, veja por si mesmo”, disse à Reuters um homem não identificado no campo de refugiados de Shati.
Dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas em Gaza enquanto a FDI continua a atacar as posições do Hamas na faixa, segundo a Agência de Assistência e Obras das Nações Unidas (UNRWA, na sigla em inglês) no domingo.
Quase 74 mil pessoas estão agora em 64 abrigos da UNRWA, afirma a declaração da agência.
“As escolas e outras infraestruturas civis, incluindo aquelas que abrigam famílias deslocadas, nunca devem ser atacadas”, criticou a UNRWA.
O Hamas disse ter lançado mais 100 mísseis contra Israel, tendo como alvo o Aeroporto Internacional Ben Gurion. O grupo palestino disse também ter atacado Ashkelon, cidade ao sul de Israel.
Combates em andamento
Israel “degradou severamente as capacidades” do Hamas à medida que os ataques aéreos em Gaza continuaram até a manhã desta segunda-feira, segundo a FDI.
No domingo, o Hamas afirmou que as suas forças ainda estão presentes e conduzindo operações em Mavki’im, no sul de Israel, ao norte de Gaza.
Apoio militar dos EUA
Os EUA preparam o envio de porta-aviões da Marinha para o leste do Mar Mediterrâneo, incluindo destroieres de mísseis e outros equipamentos militares.
Jatos de combate americanos também devem se posicionar no Oriente Médio como forma de dissuasão do Hezbollah, no Líbano, e de outros grupos militantes alinhados contra Israel, segundo autoridades.
O Hamas acusou os EUA de participarem da “agressão contra o povo palestino”.
Nenhuma ação da ONU
O Conselho de Segurança da ONU realizou uma reunião de emergência no domingo – mas nenhuma ação concreta foi tomada depois.
Todos os 15 membros precisam votar por unanimidade para que o Conselho de Segurança divulgue uma declaração.
Na reunião, o Brasil afirmou que iria fazer um apelo pelo “exercício de contenção”, a fim de evitar uma escalada do conflito entre Israel e Palestina.
“Em um momento como este, é fundamental ser claro na condenação de atos terroristas. É uma situação muito séria, muito grave, mas é importante exortar a um exercício de contenção porque tudo pode ficar ainda pior”, disse o embaixador Carlos Duarte, chefe da Secretaria de África e Oriente Médio do Itamaraty.
Segundo ele, a convocação do Conselho de Segurança – comandado pelo Brasil em outubro – tem como objetivo contribuir para a desescalada das tensões entre Israel e Palestina.
Fonte: CNN Brasil / Foto: Reuters