Relatório anual da Universidade de Stanford, da Califórnia, lista as principais tendências para IA
O Institute for Human-Centered AI da Universidade de Stanford lançou recentemente a edição de 2024 do seu tradicional relatório de dados sobre inteligência artificial (IA). Nele, são apresentadas informações sobre o uso da tecnologia e tendências de caminhos que ela pode percorrer nos próximos anos.
A publicação ocorreu dias antes de a Microsoft anunciar uma nova IA mais econômica, capaz de gerenciar redes sociais com menos dados e democratizar o acesso à ferramenta para empresas sem tantos recursos.
O AI Index Report de 2024 lista os dez principais aprendizados sobre inteligência. Confira:
Performance da IA no comparativo com humanos
O texto reflete sobre a capacidade da inteligência artificial desempenhar tarefas melhor do que um ser humano. A conclusão a que os pesquisadores chegaram é que ela já supera a atividade humana em campos como classificação de imagens, raciocínio visual e compreensão do inglês.
A IA, no entanto, ainda está bem atrás dos humanos em atividades complexas, como matemática em nível de competição, bom senso para raciocínio visual e planejamento.
Indústria pesquisa mais IA do que a academia
Em 2023, os modelos de aprendizagem automático foram desenvolvidas, sobre tudo, pela indústria. O relatório atribui ao setor o desenvolvimento de 51 modelos, o que supera em muito os 15 criados pelo meio acadêmico. Há ainda 21 criações feitas em sistema de parceria entre a indústria e a academia.
Novos modelos atingem números astronômicos
Segundo os pesquisadores de Stanford, o custo dos novos modelos de IA atingiu dígitos astronômicos. O GPT 4, da Open IA, custou US$ 78 milhões (cerca de R$ 400 milhões) e o Gemini Ultra, do Google, custou US$ 191 milhões (cerca de R$ 1 bilhão).
EUA são o grande centro do mercado
O mercado da inteligência artificial está concentrado nos Estados Unidos, que lideram o número de modelos notáveis desenvolvidos, com 61. Atrás deles vem a União Europeia (21), com destaque para o Reino Unido, e a China fecha o pódio com 15.
Dificuldade na regulamentação
O texto aponta ainda que a dificuldade da regulamentação em torno dos modelos de inteligência artificial vem das diferentes bases usadas para a sua criação.
“Os principais desenvolvedores, incluindo OpenAI, Google e Anthropic, testam seus modelos principalmente em diferentes benchmarks de IA responsáveis. Esta prática complica os esforços para comparar sistematicamente os riscos e as limitações dos principais modelos de IA”, diz o texto.
Investimento em IA generativa dispara
Se o investimento global em inteligência artificial acabou caindo em 2023, o mesmo não pode ser dito sobre o dinheiro empregado para desenvolver IA generativa. O ramo somou US$ 25,2 (cerca de R$ 130 milhões), o que indica que o valor praticamente dobrou no comparativo com 2022, conforme aponta o relatório.
Aumento na produtividade e na qualidade de vida no trabalho
Os pesquisadores de Stanford reuniram vários estudos que apontam que a IA ajuda os trabalhadores a concluírem mais rapidamente e a melhorarem a qualidade das suas tarefas no emprego. Há também uma tendência de que a tecnologia possa colaborar para capacitar os profissionais e diminuir a distância entre os mais e menos qualificados.
O relatório alerta, no entanto, para o fato de que a inteligência artificial, quando usada sem a supervisão devida, pode acabar prejudicando a qualidade das entregas.
IA catalisa descobertas científicas
O texto destaca o uso da inteligência artificial para potencializar e acelerar o ritmo das descobertas científicas, como o AlphaDev, que melhora a classificação algorítmica, e GNoME, do Google, que facilita o processo de descoberta de materiais.
Regulamentação da IA cresce nos EUA
Também foi identificada uma tendência ao aumento das regulamentações da inteligência artificial nos Estados Unidos. Se em 2016 existia apenas uma, em 2023 esse número saltou para 25. Em comparação com o ano de 2022, as regulamentações cresceram 53%.
Mundo mais consciente e preocupado com a IA
Ao passo que mais e mais pessoas no mundo tomam ciência da existência e das capacidades da inteligência artificial, cresce também o número de preocupados com seus impactos.
Para afirmar isso, o relatório de Stanford tomou por base uma pesquisa da Ipsos, que diz que o número pessoas que acreditam que a IA vai afetar drasticamente a sua subiu de 60% para 66% em 2023. Além disso, 52% expressaram nervosismo acerca dos produtos e serviços de IA, o que significa um aumento de 13% no comparativo com o ano anterior.
Nos EUA, conforme aponta Pew, 52% das pessoas estão mais preocupadas do que entusiasmadas com os efeitos da IA. Em 2022, o número era de 38%