Ministério Público identificou por satélite focos das chamas e identificou fazendas. Investigação vai apurar se houve incêndio criminoso.
Doze fazendeiros no Pantanal vão ser investigados pelo Ministério Público por serem proprietários de imóveis rurais de onde começaram focos de incêndios que afetaram o bioma.
Segundo o órgão, as causas do fogo ainda não foram identificadas e caso seja provado que houve incêndio intencional, os proprietários podem responder por crime ambiental.
O fogo está consumindo o bioma, que já teve mais de 700 mil hectares destruídos, o que deixa um rastro de devastação ambiental e morte de animais. Para se ter uma dimensão, a área completamente destruída é seis vezes maior que a cidade do Rio de Janeiro.
A investigação foi feita pelo Ministério Público do Mato Grosso do Sul em um grupo criado para apoiar nas investigações sobre incêndios ilegais no Pantanal. Os promotores atuam com a ajuda de satélites que monitoram e identificam os pontos de fogo.
Os dados mapearam as chamas de maio até o dia 30 de junho. Desde então, fora identificados 20 pontos de início das chamas distribuídos pelas fazendas, uma terra indígena e outras áreas isoladas.
Entre as fazendas identificadas, quatro delas já tinham envolvimento em incêndios no Pantanal em anos anteriores.
Segundo o órgão, o fogo que começou nessas propriedades se alastrou e já atingiu mais de 177 fazendas em todo o bioma. Alguns dos pontos, chegaram a ultrapassar as barreiras nacionais e atingir áreas do Pantanal na Bolívia — por onde também se estende.
O que pode acontecer agora?
O órgão informou que os proprietários vão ser investigados por incêndio sem autorização ambiental. Isso porque há permissão em algumas áreas, mas na temporada seca, onde há incêndios, elas ficam suspensas.
Com a identificação, as áreas foram fiscalizadas pela Polícia Militar Ambiental, que apresenta os relatórios ao MP. Segundo o órgão, das 14 vistorias feitas, 12 não conseguiram identificar como o fogo começou.
Em um dos casos, por exemplo, o proprietário fez um boletim de ocorrência porque alegou que o fogo em sua área começou depois que um funcionário tentou usar chamas para controlar abelhas.
Segundo o MP, a dificuldade em flagrar como o fogo começou ocorre, principalmente, por causa do tempo entre o início do fogo e a fiscalização. A distância é de 14 dias.
Caso fique provado que o fogo foi causado de forma intencional e, portanto, criminosa, o proprietário vai responder por crime ambiental.
O MP informou que desde 2022 atua nas investigações por incêndios na região e que já aplicou mais de R$ 24 milhões em multas.