Película automotiva garante privacidade e conforto térmico, mas motorista precisa se atentar às regras
Um dos acessórios mais comuns nos veículos no Brasil é o “insulfilm“: a película automotiva que serve para escurecer e trazer proteção nos vidros.
O item é disponível em várias opções e o motorista precisa ficar atento pois o uso é regulamentado: uma película fora dos padrões pode gerar uma multa de trânsito.
O Insulfilm é um daqueles casos em que uma marca acaba por assumir o nome popular do produto, assim como Bombril ou Gillette. A denominação correta é “película automotiva“. Entre as vantagens do produto, maior privacidade e conforto térmico. Outro uso muito desejado é de aumentar a sensação de segurança, ao impedir que possíveis criminosos identifiquem os ocupantes ou o conteúdo interno do carro.
Isso é especialmente importante em contextos urbanos, onde a violência é uma preocupação constante. O sentimento de segurança aumenta para pessoas que estão sozinhas, pois a visibilidade reduzida diminui a chance de serem alvo de crimes.
Por outro lado, a utilização de películas escuras apresenta desvantagens. Em situações de sequestro relâmpago, por exemplo, a falta de visibilidade também impede a identificação de agressores, o que pode facilitar a ação criminosa.
O uso de películas automotivas é regulamentado pela resolução 960/2022 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Esta norma determina que a transmissão luminosa mínima no para-brisa e vidros que compõem o campo visual do motorista não pode ser inferior a 70%, enquanto nos demais o mínimo é de 28%.
O não cumprimento dessas regras é considerado infração grave, com penalidades que incluem multa e retenção do veículo para regularização.
Neste aspecto, é necessário buscar profissionais com experiência no ramo. Segundo Celinho Ferrari, da Vetro Film, de Belo Horizonte, especializada na aplicação, o proprietário precisa escolher a aplicação desejada e optar pelos tipos disponíveis no mercado, como películas de carbono, cerâmica ou de segurança (semi-blindada).
“O cliente deve fazer uma pesquisa sobre o lugar que pretende levar seu carro, não se preocupando apenas com o preço. Procure saber quanto tempo ele está no mercado, onde fica e como é o ambiente que ele vai levar seu carro. Ele pode fazer uma pesquisa rápida no Google e saber se a loja é bem avaliada e bem comentada nas suas avaliações. Siga o lojista no Instagram, e tente acompanhar o dia a dia do profissional”, recomenda.
É importante considerar o conjunto vidro-película na hora de instalar o Insulfilm, uma vez que muitos veículos já saem de fábrica com vidros levemente escurecidos, o que pode afetar o grau de transmissão luminosa permitido. Essa regulamentação visa equilibrar a segurança e o conforto do motorista, prevenindo a redução excessiva da visibilidade que pode comprometer a dirigibilidade.
Ao escolher o prestador, é importante considerar alguns detalhes do serviço como corte a laser da película, evitando uso de estilete, lembra Celinho. Ao remover as películas antigas, é interessante usar um secador de cabelo para aquecer o plástico evitar que a cole grude no vidro ou afete o desembaçador do vidro traseiro. “Importamos uma ferramenta inédita no país que serve para fazer a remoção da película do vidro traseiro, aumentando ainda mais as chances de preservar o desembaçador do vidro traseiro, e não deixar resíduos de cola”, completa o especialista, enquanto finalizava a aplicação de um insulfilm num Aston Martin DBX 707, vendido a um artista sertanejo.
Fiscalização da película automotiva
O mercado atual oferece várias opções de películas, como as de proteção, que dificultam a quebra do vidro por criminosos, e as de controle solar, que ajudam a manter a temperatura interna do veículo mais baixa. No entanto, algumas opções, como as películas fotocromáticas, apesar de serem inovadoras, não estão em conformidade com a legislação vigente devido à forma como a transmissão luminosa é medida.
Assim, a escolha e instalação de películas automotivas devem ser feitas com atenção às normas legais e às necessidades específicas de segurança e conforto dos usuários. Procuramos a Polícia Militar Rodoviária de Minas Gerais (PMRv) afim de esclarecer os procedimentos de fiscalização nos veículos.
A primeira providência da autoridade de trânsito durante a abordagem é olhar a chancela nos vidros, afim de conferir se estão dentro das especificações legais. “Os vidros opacos e com película refletiva são proibidos e passíveis de autuação mesmo com chancela. Após essas verificações o policial utilizará instrumento próprio para realizar a medição da transmitância luminosa das áreas envidraçadas, por meio de instrumento denominado Medidor de Transmitância Luminosa (MTL), esclarece a PMRv.
O motorista flagrado com película automotiva irregular é autuado pelo artigo 230, inciso XVI do Código de Trânsito Brasileiro. Trata-se de uma infração grave, com cinco pontos no prontuário do motorista e multa de R$195,23. O condutor terá o veículo retido para sanar irregularidade, caso não sanada poderá ter o CRLV recolhido e deverá apresentar posteriormente na autoridade de trânsito para desbloqueio da medida administrativa. “A colocação de insulfilm escuro no para-brisa e em áreas indispensáveis para condução pode provocar falta de visibilidade, em especial, nos dias chuvosos, sob neblina ou período noturno”, recomenda a polícia.