Em três anos, os criminosos transportaram pelo menos seis toneladas de cocaína.
O Ministério Público Federal denunciou 14 investigados por organização criminosa, tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro em um esquema que movimentou mais de R$ 100 milhões em quatro anos. De acordo com o MPF, os líderes do grupo são dois irmãos, que possuíam grande influência em Mato Grosso do Sul.
As investigações tiveram início no final de 2020 e se estenderam até maio deste ano, quando foi deflagrada pela Polícia Federal as Operações Sordidum e Prime, nos municípios de Dourados (MS) e Pedro Juan Caballero, no Paraguai.
Segundo a denúncia, os irmãos utilizavam casas de câmbio para injetar recursos ilícitos nas empresas por eles controladas, pagar fornecedores de drogas, adquirir bens, dentre outros. Um dos irmãos investigados estava cumprindo pena por tráfico de drogas em decorrência da Operação Enigma, ocorrida em 2017.
De acordo com o MPF, a organização criminosa mantinha contato com organizações independentes, inclusive com o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo.
A investigação apurou que pelo menos nove empresas eram utilizadas no esquema, dentre elas quatro construtoras e uma transportadora. A organização operava com dois núcleos: lavagem de capitais e logística.
Durante a operação, foram apreendidos telefones celulares, computadores e documentos com planilhas que, junto aos áudios obtidos pelas interceptações telefônicas durante a fase de investigação, mostraram o poder financeiro do bando, os contatos no Brasil e em países vizinhos, sobretudo no Paraguai, e um intrincado esquema de lavagem de dinheiro.
Tráfico internacional de drogas
Carro de luxo apreendido durante a operação — Foto: Polícia Federal
De acordo com as investigações, os grupos remetiam drogas a países da América Central. Em três anos, os criminosos transportaram pelo menos seis toneladas de cocaína.
Em maio deste ano, foram cumpridos 64 mandados de busca e apreensão, 25 mandados de prisão preventiva e 11 mandados de prisão temporária em vários estados, além do sequestro de 90 imóveis e o bloqueio de bens e valores de aproximadamente 80 pessoas e empresas envolvidas no esquema.
Para movimentação e ocultação dos valores e bens, o grupo utilizava doleiros atuantes na fronteira do Brasil com países vizinhos, além da criação de empresas de fachada, negócios dissimulados e pessoas interpostas.