Em novo confronto com a polícia, indígena de 23 anos é morto a tiros em Antônio João e Governador divulga nota oficial

Já são três feridos e uma morte no novo conflito que começou no dia 12 de setembro

Neri Ramos da Silva, de 23 anos, foi morto a tiros em confronto com a Polícia Militar no Território Nhanderu Marangatu, em Antônio João (MS). A morte foi confirmada pelo Coordenador Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Iguatemi (MS), Paulo Pereira da Silva.

Em nota, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) afirmou que o caso representa a forma como as forças armadas atuam no local de conflito entre indígenas Guarani-Kaiowá e produtores rurais.

“O assassinato de Neri Gomes representa a maneira como as forças de segurança pública atuam no estado, funcionando como seguranças de interesses particulares do agronegócio, intrinsecamente vinculados ao governo do estado.”

O secretário estadual de Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, esclareceu que os 100 policiais militares que estão no local cumprem uma decisão judicial para manter a ordem e a segurança na propriedade rural, além de permitir o ir e vir das pessoas entre a rodovia e a sede da fazenda.

Ainda de acordo com o Cimi, o Governo Federal foi informado sobre o ambiente de tensão desde a última sexta-feira (13), um dia após o início dos novos confrontos.

“A demora na demarcação dos territórios indígenas por parte da União e a vigência da Lei 14.701/23 sustentam a violência contra os povos indígenas no país”, afirma o Cimi.

Nas redes sociais, a Grande Assembleia Guarani-Kaiowá (Aty Guasu) declarou que equipes da tropa de choque “atacaram” a “área de retomada” — local de disputa entre fazendeiros e indígenas — na Fazenda Barra, o que resultou na morte do indígena.

A Aty Guasu é uma organização sem fins lucrativos liderada por indígenas das etnias Kaiowá e Guarani, cuja missão é a defesa dos direitos humanos.

Conflito indígena

Desde o início do novo conflito, no dia 12 de setembro, outros três indígenas já foram feridos pela força policial.

Segundo o tenente-coronel responsável pela região de Antônio João, Ponta Porã e Aral Moreira, Edson Guardiano, o confronto ocorreu quando policiais militares impediram um grupo de 20 indígenas de entrar e ocupar a sede da Fazenda Barra, que fica na fronteira com o Paraguai.

Em razão da situação, a Justiça Federal emitiu uma liminar determinando a presença da Polícia Militar no local, disputado por produtores rurais e indígenas que reivindicam a posse da área como parte do Território Nhanderu Marangatu.

Nota oficial do Governador

O governador Eduardo Riedel realizou uma reunião com integrantes da Segurança Pública do Mato Grosso do Sul para esclarecimentos sobre morte de um indivíduo, inicialmente identificado como indígena da etnia Guarani Kaiowá, no município de Antônio João, nesta quarta-feira (18). O óbito ocorreu depois de um confronto e troca de tiros com a Polícia Militar em uma região rural da cidade, na fronteira com o Paraguai.

O secretário estadual de Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, esclareceu que os policiais militares que estão no local (100 homens) cumprem ordem judicial (da Justiça Federal) para manter a ordem e segurança na propriedade rural (Fazenda Barra), assim como permitir o ir e vir das pessoas entre a rodovia e a sede da fazenda. O conflito na região se arrasta há anos, no entanto a situação se acirrou nos últimos dias.

Além da disputa por terra, também foi apurado pela inteligência policial que há interesses de facções criminosas relacionadas ao tráfico de drogas, já que há diversas plantações de maconha próximas a fazenda, do lado paraguaio, pois a região está na fronteira entre os dois países.

As equipes de perícia já estão no local da morte para devida identificação e apuração dos fatos. Foram apreendidas armas de fogo com o grupo de indígenas que tentava invadir a propriedade e todo este material será coletado para formação de um relatório que será entregue em Brasília.

 

Fonte: PPMS / Foto: divulgação

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