Vítima foi violentada pelo autor durante festa em uma república de estudantes, em Campo Grande
Quase 10 anos depois, uma vítima de estupro praticada pelo próprio professor recebeu notícia que há muito tempo aguardava: o autor foi condenado. O caso aconteceu em 2016, numa festa em uma república de estudantes, que comemoravam o fim do calendário acadêmico.
A defesa da vítima foi procurada e relatou que foram as amigas da jovem, que à época possuía 22 anos, que a incentivaram a procurar a delegacia para relatar o abuso sofrido pelo professor de biologia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
À reportagem, a defesa relatou que o caso corre em segredo de Justiça. A condenação mais recente foi proferida em 1ª instância, cabendo recurso por parte do réu.
A defesa da vítima de abusos sexuais destacou que o caso teve prazo muito maior do que deveria.
“É muito difícil detectar que existe um comportamento criminoso, que num primeiro momento parece inofensivo. É uma violência simbólica. É uma linguagem exercida no ambiente acadêmico, no qual a vítima se culpa, se atemoriza e tem dificuldade para entender o que aconteceu”, disse a defesa.
Porém, as provas trazidas durante o percurso do processo, além dos relatos das testemunhas que estavam na festa, ajudaram a Justiça a entender o que aconteceu.
“A Justiça analisou toda essa estrutura processual, a parte material das provas, da oitiva das testemunhas e foi muito assertiva em trazer a presença do estupro de vulnerável. Isso vai criar um ambiente que vai estimular outras vítimas. A vítima até hoje passa por tratamento psicológico, teve que reorganizar toda a vida, toda a rotina. A família teve que acompanhá-la, porque ela não conseguia nem exercer a profissão”, pontuou a advogada.
O caso
O crime aconteceu em 2016, quando alunos comemoravam o fim do calendário acadêmico da pós-graduação, realizando uma confraternização em uma república de estudantes. No local, também estava o autor.
A vítima foi abusada pelo professor durante uma festa, segundo a defesa. A aluna estava embriagada e desorientada quando foi violentada.
Amigas da vítima, que também estavam na festa, ajudaram a então estudante a entender o que havia ocorrido, e encorajá-la a procurar a delegacia de polícia, onde o caso foi registrado e passou a ser investigado.
A universidade
Ainda de acordo com a defesa, a UFMS foi procurada a respeito à época do abuso, mas nenhum procedimento administrativo foi aberto. Ao longos dos quase 10 anos do curso do processo, o professor continuou exercendo a profissão na universidade pública.
Após a condenação ser divulgada, a instituição informou, através de nota, que “determinou hoje o afastamento preventivo de professor lotado no Instituto de Biociências e constituiu Comissão de Processo Administrativo Disciplinar para a completa apuração de responsabilidade do servidor, sob supervisão da Corregedoria da UFMS. A decisão se baseia no parecer da Procuradoria Federal da UFMS, exarado na data de hoje, 12 de março, e revisa o ato administrativo de agosto de 2016 que havia definido pela não apuração dos fatos pela UFMS à época”.
Para a advogada da vítima, apesar do caso não ter ocorrido no ambiente interno da instituição de ensino, aconteceu “no decorrer das práticas pedagógicas”.
A defesa do professor condenado não foi encontrada. O canal de comunicação segue aberto.
Manifestação
Diante da exposição do caso, estudantes da universidade estão planejando uma manifestação em frente ao Instituto de Biociências, da UFMS, na sexta-feira (14), às 14h. “Não se cale! Sem mais casos de assédio”, diz o comunicado.
Denuncie
⚠️ Violência doméstica, seja psicológica, física ou verbal, é crime! Saiba como denunciar:
- 🚨Emergências: se a agressão estiver acontecendo, ligue no número 190 imediatamente;
- 🚨Denúncias: ligue para o número 180. O serviço de atendimento é sigiloso e oferece orientações para denúncias sobre violência contra mulheres. O telefonema pode ser feito em qualquer horário, todos os dias. Também é disponível um WhatsApp – (61) 9610-0180;
- 🚨Perigo: procure a delegacia mais próxima e acione a polícia, por meio do 190.
Em Mato Grosso do Sul, as denúncias de violência de gênero podem ser feitas de maneira on-line. Clique aqui e faça a denúncia.
Violência contra mulher é crime e não pode ser ignorada. Basta, denuncie!