Além de sucuris, onças-pintadas, tuiuiú e marruás, as piranhas fazem parte do bioma pantaneiro. No capítulo da última segunda-feira (13) do remake da novela “Pantanal” na Globo, o personagem Levi (Leandro Lima) foi baleado e devorado por piranhas. Ao g1, o professor e pesquisador da Unesp Vidal Haddad Junior explica que o ataque é raro, mas pode acontecer.
Vidal, que trabalha há 30 anos com ataques animais aquáticos a seres humanos no Pantanal de Mato Grosso do Sul, diz que nunca viu um acidente fatal causado por piranhas na região.
Segundo ele, os ataques somente ocorrem em determinados casos, quando, por exemplo, na época da seca quando o nível da água é baixo e a concentração de piranhas é maior. O pesquisador reitera que, com a comida escassa, os peixes ficam incomodados com a colocação dos ovos enterrados no leito do rio.
“O Pantanal está muito seco, sobraram poucas lagoas, o que favorece termos aglomerados de piranhas que formam os cardumes. Quanto mais seco, maior a chance de termos o ataque. O que aconteceu no capítulo de ontem é muito raro, mas pode acontecer sim”, disse.
O pesquisador descreve que os ataques fatais são raros e normalmente tudo fica em uma só mordida, como uma beliscada, nos pés ou nas mãos. Ou seja, em condições normais, os ataques costumam ser feitos a carnes que já estão mortas, e não a indivíduos saudáveis.
“A piranha ataca o afogado ou a pessoa que já está no fundo do rio. Nunca registramos um acidente fatal por piranhas. Os ataques costumam acontecer após algum fato”, disse ao g1.
Alguns especialistas especulam que aproximadamente de 300 a 500 piranhas levariam cinco minutos para retirar a carne de um humano de 80 quilos.
Na sequência que foi ao ar no capítulo desta segunda-feira (13), Levi foi baleado e caiu no rio, sendo atacado segundos depois por um cardume de piranhas que o devoraram. A cena da morte do personagem precisou de longos quatro dias para ser feita pela equipe da novela, e o ator teve que ficar 4 horas com seu “traje de peão” completo (roupas e botas) dentro d’água.
Durante a gravação foram utilizados cerca de 5 litros do líquido vermelho cenográfico.
“Provavelmente tínhamos um cardume próximo do local, o personagem caiu na água ferido, se agitando e sangrando, o que atraiu as piranhas, que devido a seca estão aglomeradas. O fato é muito raro, e nós nunca vimos de fato acontecer”, destaca Vidal.
Sobre as piranhas
O pesquisador explica que as piranhas vivem em cardumes, mas não adotam nenhuma estratégia coletiva para caçar. A formação de grupos é uma estratégia de defesa; movem-se agrupadas para se protegerem dos predadores.
As piranhas são famosas por devorar carne, de pequenos insetos até mamíferos muito maiores que elas, mas também se alimentam de sementes e outros materiais, vegetais que são encontrados no fundo do rio.
“Não podemos demonizar os peixes, este é um comportamento natural do animal. As piranhas são essenciais para a limpeza dos rios. Elas comem tudo que caem no fundo, sendo consideradas os urubus das águas”, disse.
Fonte: Portal G1 / Foto: reprodução TV Tem