Ambiente comumente masculino, os clubes de tiro já vêm sendo bastante frequentado por mulheres nos últimos tempos. E uma das incentivadoras para que elas aprendam, cada dia mais, a manusear uma arma é Mara Nantes, despachante de armas e instrutora de tiro credenciada há mais de 8 anos em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. Além disso, Mara Nantes é coordenadora estadual do Movimento Pro Armas, que nasceu em Mato Grosso do Sul e é o maior movimento de direita do país, segundo maior do mundo.
Quem vê o rosto angelical e ouve a voz tranquila de Mara Nantes não imagina a força e a garra que ela tem. Filha de um homem do campo, a instrutora de tiro conta que sempre conviveu com armas de fogo. “Isso era natural para mim e para minhas duas irmãs mais velhas, pois minha família sempre teve armas de fogo. E além disso, eu me casei com um policial que se tornou instrutor, que me deu uma arma e me ensinou a manusear. Então começamos a frequentar clube de tiro, pois ele também praticava o tiro desportivo”, explica Mara.
Ela começou a fazer a documentação e ajudar as pessoas na aquisição legal de armas juntamente com o falecido marido, que era um dos primeiros instrutores credenciados. “No ano de 2013 começamos a trabalhar juntos em casa no negócio de Despachante de Armas e depois mudamos o escritório numa sala em cima de uma farmácia. Três meses depois do início da nossa atividade no local houve mais um assalto nessa farmácia, que foi assaltada sete vezes, meu marido levou um tiro no momento em que foi atender a ocorrência e acabou falecendo”, conta.
Mara Nantes continuou com o escritório, já que precisava sustentar os filhos e atender os clientes da empesa. “Nesse momento eu havia entendido a necessidade do nosso trabalho, de dar a oportunidade da educação da arma às pessoas e delas se armarem para a própria segurança, de sua família. Mesmo sem entender o porquê tudo aconteceu, já que meu marido era muito experiente, acredito que Deus me deu um ofício e eu tive que continuá-lo”, justifica.
Foi então que a despachante de armas, hoje com mais de 20 cursos na área, virou uma referência em Mato Grosso do Sul e até em outros estados do país. “Eu precisava saber mais sobre o ofício já que, além da documentação, meus clientes também queriam minha consultoria até mesmo sobre qual arma comprar. Senti a necessidade de aprender mais e decidi também fazer o curso de instrução”.
TPM
Ela lembra que quando decidiu se especializar foi até desacreditada por ser mulher e, depois que se tornou instrutora de tiro, começou a ser reconhecida e procurada por clientes e amigos para que ensinasse as esposas a manusearem armas. “Eu sempre falei para eles que precisavam ensinar regras de segurança para as esposas e elas tinham que saber, nem que seja o básico, com o intuito de defesa e para poder agir em caso de precisão”.
“Nem sempre elas gostavam, alguma faziam cara feia e falavam que estavam no curso só porque o marido tinha pedido. Mas depois gostavam tanto de aprender que tem até o caso de uma amiga que virou dona de loja de armas. E esse também é um dos meus papéis: desmistificar o uso responsável da arma de fogo, ajudar a criar uma geração de pessoas educadas que entendem a real necessidade de uma arma de fogo, que sabem a responsabilidade que é manuseá-la e que precisam assumir consequências’, complementa Mara.
A partir disso, Mara Nantes começou a oferecer o curso TPM (Tiro para Mulheres), com uma roupagem feminina “e que é para qualquer tipo e todos os estilos de mulher. A ideia é que elas se sintam incluídas”, explica. Hoje há muitas instrutoras de tiro em Mato Grosso do Sul e muitas delas foram alunas do curso TPM.
Questionada sobre o que ela diria para uma mulher que deseja fazer o curso ou para a que tem vontade, mas tem medo de manusear uma arma ela é enfática: “Faça logo. Se não começar o curso hoje comece amanhã, mas comece porque não podemos mais deixar a nossa segurança e de nossa família somente nas mãos da polícia, pois eles nem sempre podem estar no local e no momento em que corremos perigo. E a arma de fogo pode ser usada para repelir uma agressão”.
Com turmas de 20 e de até 80 mulheres, Mara já ministrou o curso para mais de 500. Para entrar em contato com a instrutora, saber sobre o curso e sobre novas turmas, o perfil no Instagram é @maranantesdespachante.
O curso é para todos
O treinamento é também oferecido para homens que, de acordo com ela, ainda é seu maior público. E ela conta que os casais que a procuram para treinar estão aumentando cada vez mais. “Vou para o estande de tiro e ensino os dois a manusear a arma que eles compraram. E muitas vezes não demora para a esposa falar que quer a própria arma e eu acho ótimo”.
Ela explica que a parte teórica é feita apenas uma vez, depois disso ela leva os clientes para o estande de tiro e ensina a manusear várias armas. Os custos são variados, mas o curso básico com parte teórica e prática custa cerca de R$ 600,00, além do valor da hora do estande e as munições utilizadas.
A partir do curso básico, ela já chama de treinamento e ensina os alunos a terem o movimento mais limpo, corrigir tiro, fazer com que fiquem mais assertivos no alvo e cada vez mais confiantes.
Há também os cursos personalizados e até curso para passar no teste de porte de arma, que é feito com pistola e revólver. Ela explica que este último é mais complexo porque tem tempo e acerto na hora da avaliação.
A diferença entre posse e porte de armas e munições
Segundo a instrutora, quando alguém tem a posse da arma a autorização é para que ela esteja no perímetro estabelecido no momento de tirar a guia de trânsito, necessária para levar a arma comprada do local de compra até o domicílio (ou em casa, ou empresa, ou fazenda, etc).
Já o porte é o documento, com validade de até 5 anos, que autoriza o cidadão a portar, transportar e trazer consigo uma arma de fogo, de forma discreta, fora das dependências de sua residência ou local de trabalho.
Entre os serviços oferecidos pela despachante de armas e instrutora de tiros Mara Nantes, está a consultoria sobre assuntos relacionados à obtenção de posse ou porte de arma de fogo. De acordo com ela, todos deveriam ter o direito de escolher se querem ter uma arma de fogo. Ou não.
Fonte: Redação Dahoranews
