Pacientes que tinham retorno agendado para esta quarta, tiveram as consultas desmarcadas
O Hospital de Câncer Alfredo Abrão, em Campo Grande, suspendeu consultas nesta quarta-feira (22), após parte da equipe médica anunciar paralisação devido a não resolução de reivindicações feitas por profissionais da saúde.
Dentre os pedidos estão a regularização dos pagamentos e dos contratos dos integrantes do Corpo Clínico; Regularização dos serviços de patologia e exames de imagens (ressonância magnética e cintilografia óssea), essenciais aos diagnósticos e seguimentos de tratamentos.
Em nota, o hospital informou que pacientes que tinham retorno agendado para esta quarta, tiveram as consultas desmarcadas. (Veja a nota abaixo na íntegra)
Segundo o hospital, a partir desta quarta, serão realizados somente atendimentos de urgência e emergência no Pronto Atendimento do HCAA, além das cirurgias de urgências e emergências, atendimentos de UTI e os tratamentos nos setores de quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia já em andamento.
“Todos foram avisados com antecedência”, revelou uma funcionária, que não quis se identificar.
Apesar da informação de aviso, pacientes alegam que não receberam o comunicado. É o caso da diarista Luciana Gomes Pinheiro, de 49 anos. Além dela, a mãe faz tratamento na unidade de saúde e tinha retornado marcado para às 7h, nesta quarta.
“Era retorno para ver a tomografia e saber se diminuiu o tumor na cabeça, ou não. Daí, a menina disse que vai ter que passar para abril ou maio e, em caso de dor, que é para procurar o 24 horas”, revelou. Segundo a diarista, a consulta estava marcada desde o fim do ano passado.
Nota oficial do Corpo Clínico do HCAA
Conforme anunciado anteriormente, os médicos do Hospital de Câncer de Campo Grande-MS Alfredo Abrão (HCAA) decidiram iniciar paralisação dos atendimentos. Os profissionais haviam anunciado a greve no dia 18 de janeiro deste ano, que foi adiada por 30 dias, cujo prazo findou e as reivindicações ainda não foram totalmente sanadas devido ao enorme déficit financeiro geral acumulado do HCAA (R$ 770 mil reais/mês). De acordo com o documento enviado para a Diretoria do HCAA, os médicos ainda aguardam o cumprimento integral dos seguintes pontos: Regularização dos pagamentos e dos vínculos/contratos dos integrantes do Corpo Clínico; Regularização dos serviços de patologia e exames de imagens (ressonância magnética e cintilografia óssea), essenciais aos diagnósticos e seguimentos de tratamentos. A partir de hoje, serão realizados somente os atendimentos de urgência e emergência realizados no PAM (*Pronto Atendimento do HCAA, 24H), as cirurgias de urgências e emergências, atendimentos de UTI e os tratamentos nos setores de quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia já em andamento.
Estas e outras questões pendentes para que os atendimentos do HCAA mantenham a regularidade dependem de verba emergencial e também o ajuste na contratualização na ordem de R$ 770.000,00/mês cujo estudo de revisão foi apresentado para às autoridades públicas da saúde tanto da Prefeitura como do Governo do Estado em janeiro e até o momento não foi atualizado.
Os médicos anunciaram que só normalizarão os atendimentos quando houver resolutividade para esta questão e os recursos forem efetivamente liberados.
A situação financeira do HCAA encontra-se em grave situação. Há um enorme déficit financeiro do HCAA com necessidade incremento de custeio de R$ 770.000,00/mês, e cujo ápice se deu em dezembro com pagamento do 13º salário dos funcionários do hospital (422 colaboradores + 75 médicos). Conforme é de ciência pública, o HCAA é uma instituição filantrópica atendendo 99% dos pacientes oriundos do SUS com os tratamentos totalmente gratuitos aos usuários. Realiza 70% dos atendimentos oncológicos públicos de todo o Estado do Mato Grosso do Sul. Em 2022 foram realizados mais de 180 mil procedimentos (cirurgias, quimioterapias, radioterapias, consultas dentre outros atendimentos).
Desta forma, buscamos soluções conjuntas com os parceiros públicos para que unidos possamos continuar a prover com qualidade e celeridade os tratamentos aos pacientes oncológicos.
Fonte: Portal G1 / Foto: Divulgação