A Câmara dos Deputados do Paraguai arquivou nesta terça-feira (20), por 43 votos a 36, a abertura de um processo de impeachment contra o presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, e o vice, Hugo Velázquez.
Tanto o presidente quanto o vice do Paraguai correram risco de enfrentar o impeachment por causa do escândalo em torno de uma polêmica renegociação com o Brasil sobre compra de energia da usina hidrelétrica de Itaipu.
Presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez, discursou na sede do governo em Assunção, em 1º de agosto — Foto: Jorge Adorno/ Reuters
O presidente Abdo conseguiu obter apoio de todo o Partido Colorado, grupo dividido que inclui a ala governista, principalmente depois que o acordo foi cancelado oficialmente. Ele comemorou o resultado nas redes sociais.
“Esses dias nos deixaram uma grande lição! Vamos aumentar nossas forças para seguir adiante por nosso país! Com mais trabalho, mais diálogo e entendimento entre todos os paraguaios”, escreveu.
Manifestante agita bandeira do Paraguai em protesto em Assunção contra o presidente Mario Abdo — Foto: Jorge Adorno/Reuters
Os deputados que derrubaram o impeachment consideraram, segundo o jornal online paraguaio ABC Color, que “não houve mau desempenho” e “só se busca estabilidade política e econômica do país”.
A deputada oposicionista Kattya González acusou o Partido Colorado de insistir em um “pacto de impunidade”. “Temos um presidente apagado, nu em suas próprias misérias, incoerente nesse discurso”, disse.
Entenda o impasse
Em 2018, Itaipu foi responsável pelo abastecimento de 15% de toda a energia consumida pelo Brasil e de 90% do Paraguai — Foto: Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional
- em maio, os governos brasileiro e paraguaio assinaram a ata que, na prática, faria o Paraguai pagar mais caro pela energia de Itaipu.
- pelo texto assinado, o Paraguai aumentaria a previsão de comprada chamada energia garantida (mais cara), reduzindo o consumo da energia chamada de excedente, que é mais barata.
- a revelação da existência do acordo levou o chanceler paraguaio, presidente de Itaipu e outros dois funcionários de alto escalão a renunciarem.
- a oposição paraguaia acusou o presidente Abdo de favorecer interesses brasileiros e entrou com um pedido de impeachment na Câmara dos Deputados.
- em 1º de agosto, Brasil e Paraguai assinam o cancelamento do acordo sobre a compra de energia, o que minguou as chances de haver um impeachment.