Segundo especialistas, a quantidade de cacau presente no chocolate e a lista de ingredientes é o que define se um chocolate é bom ou não para a saúde
O chocolate é um dos doces mais apreciados no mundo inteiro. Seu consumo não está associado apenas à Páscoa, apesar de ter se tornado um símbolo da data. Ele faz parte de diversas sobremesas e há quem não viva sem “um chocolatinho” depois das principais refeições do dia. Quando consumido com moderação, o chocolate pode fazer parte de uma alimentação saudável, mas tem um tipo específico que é mais benéfico para a saúde.
“Os benefícios obtidos com o consumo do chocolate são decorrentes do cacau, que é um alimento que contém flavonoides, substâncias com funções benéficas à saúde”, explica Alexandra Corrêa de Freitas, nutricionista e professora do curso de nutrição da Faculdade Santa Marcelina. “Considerando os ingredientes presentes na produção de cada um dos tipos de chocolates, quanto maior a quantidade de cacau, mais benefícios à saúde poderão ser alcançados”, completa.
Mas, afinal, quais são os tipos de chocolate que existem? Essa classificação é feita de acordo com os ingredientes presentes em sua composição, principalmente no que refere à quantidade de cacau. Sendo assim, existem cinco tipos de chocolate:
- Chocolate ao leite: possui de 25% a 50% de cacau e maior quantidade de outros ingredientes, como açúcar e leite;
- Chocolate branco: é obtido a partir da mistura de, no mínimo, 20% de sólidos totais de manteiga de cacau com outros ingredientes;
- Chocolate meio amargo: contém 35 a 50% de cacau e já carrega um pouco de sabor amargo;
- Chocolate amargo: possui alta porcentagem de cacau, superior a 51%, com um sabor intenso de cacau e maior quantidade de benefícios para a saúde;
- Chocolate ruby: é feito apenas do grão de cacau Ruby e outros ingredientes usados na fabricação do chocolate ao leite, incluindo líquor de cacau, leite em pó, manteiga de cacau, açúcar e baunilha. É caracterizado por um sabor frutado e intenso.
Diante disso, o chocolate amargo sai na frente na disputa de qual tipo é mais saudável. “Ele tem maior teor de cacau e, consequentemente, maior oferta de flavonoides”, afirma Freitas.
Além disso, o chocolate amargo passa por um menor nível de processamento (aquecimento, torra e fermentação, entre outros processos), o que preserva suas propriedades nutricionais, conforme explica Renata Cristina Taveira Azevedo, nutróloga do HSPE (Hospital do Servidor Público Estadual).
Benefícios do chocolate amargo
De acordo com a nutróloga, o chocolate amargo preserva uma maior quantidade de polifenóis, além de ter menos açúcar e maior quantidade de fibras e minerais, como magnésio, cobre e potássio. “Esses minerais atuam de forma cardioprotetora. Além disso, o ferro, também presente no chocolate amargo, evita anemias”, afirma Azevedo.
Diversos estudos já indicaram benefícios do consumo de cacau, principalmente por suas propriedades antioxidantes, que ajudam no combate aos radicais livres. Um estudo publicado em 2020 mostrou que o chocolate pode manter os vasos sanguíneos saudáveis, enquanto uma análise mais recente, de 2024, sugere que o doce pode reduzir o risco de hipertensão.
Um outro estudo, publicado no Journal of the American Heart Association, revelou que optar por chocolates amargos ou cacau com amêndoas tem efeito positivo nos marcadores da doença cardíaca coronariana. “Os benefícios não se limitam à saúde cardíaca, até a microbiota intestinal pode ser influenciada. Esse tipo de chocolate contém em sua composição o ácido clorogênico, que age como antioxidante, modula a absorção de glicose, a secreção de insulina e de hormônios gastrointestinais”, afirma a nutróloga.
Uma outra pesquisa brasileira também mostrou que o chocolate amargo também pode ajudar a diminuir a fissura por cigarro em fumantes que estão em tratamento para o tabagismo.
Além desses benefícios, Freitas destaca alguns pontos positivos do chocolate amargo já indicados por estudos:
- Melhora do fluxo sanguíneo;
- Controle nos níveis de colesterol e insulina;
- Redução da pressão arterial;
- Contribuir para a melhora da memória e cognição;
- Aumento da sensação de bem-estar, devido à liberação de hormônios como dopamina, serotonina e endorfina.
Como fazer uma boa escolha ao comprar chocolate?
O consumo de qualquer chocolate pode fazer parte de uma alimentação saudável, desde que feito em quantidade moderada. Porém, as especialistas ouvidas pela CNN recomendam o chocolate amargo como a escolha ideal para o dia a dia, levando em consideração os benefícios provenientes do consumo do cacau. “A opção mais saudável é sempre aquela que tem maior teor de cacau e menos açúcar, como é o caso dos chocolates 70%”, afirma Azevedo.
Por isso, a dica é sempre ficar de olho no rótulo do produto. “No momento da compra do chocolate, é importante observar o teor de cacau e atentar-se para a descrição do produto verificando se é realmente um chocolate ou produto com sabor de chocolate, como é o caso de alguns bombons”, orienta Freitas.
A especialista também recomenda observar a lista de ingredientes do chocolate. “São mais interessantes aqueles que possuem o cacau como o primeiro ingrediente da lista, o que indicará que essa é a substância em maior quantidade, evitando então, os chocolates que apresentam açúcar como o primeiro item da lista de ingredientes”, explica.
Ainda na lista de ingredientes, é importante observar e evitar aqueles que possuem lecitina de soja, aromatizantes, gordura hidrogenada, edulcorantes sintéticos e maltodextrinas, gordura vegetal, óleo de milho, óleo de palma ou outra gordura, que não seja a manteiga de cacau.
Qual é o chocolate menos saudável?
A quantidade de cacau presente no chocolate é o que indica qual o seu valor nutricional e, consequentemente, se trará benefícios ou não. Nesse sentido, o chocolate que perde a disputa é o branco. “Ele fica em desvantagem pois não possui o cacau propriamente dito, mas a manteiga de cacau”, afirma Freitas.
No entanto, a nutricionista ressalta: “Sendo o chocolate, de qualquer tipo, um alimento tão gostoso e apreciado por tanta gente, o benefício do prazer em comer pode ser alcançado por qualquer um deles, sendo válido sempre ressaltar que moderação na porção e na frequência de consumo são importantes.”
O consumo excessivo de chocolate, por ter adição de açúcar, gordura e outros ingredientes e aditivos, pode favorecer, junto com outros hábitos alimentares, alterações em níveis de colesterol, triglicérides e glicose, ganho de peso e deficiências nutricionais, segundo Freitas.