No mesmo dia em que família recebeu informação de que poderia sepultar Jonathan, descobriu o sepultamento como indigente.
Uma mãe de Campo Grande batalha pelo direito de dar um enterro digno ao filho. Jonathan de Souza foi assassinado em março deste ano, foi carbonizado e desde então, o corpo ficou no Imol (Instituto de Medicina e Odontológico Legal) sem identificação.
Pois, depois de uma angustiante espera, no mesmo dia em que a família recebeu a confirmação de que Jonathan estava mesmo morto, e o sepultamento poderia ser providenciado, ele foi enterrado como indigente.
Atualmente desempregada, a educadora social Vanuza de Souza, de 47 anos, é a mãe de Jonathan de Souza. A última vez que viu o filho, conta, foi no dia 13 de março. No outro dia, recebeu mensagem dele logo pela manhã.
“Ele mandou mensagem que precisava falar comigo. Mas como eu estava limpando a igreja, só vi a mensagem após as 13 horas”.
Vanuza de Souza
Vanuza ligou uma, duas, três vezes. O filho não atendeu. No dia 15, tentou de novo e mais uma vez, não teve resposta. No dia 16 de março, recebeu a notícia de que um carro havia sido queimado com um corpo dentro no Los Angeles. “Naquele momento eu senti que poderia ser meu filho, mas as pessoas falaram que poderia ser o corpo de uma mulher então fiquei no aguardo”.
Depois de alguns dias esperando por notícias, ela e a filha decidiram procurar por conta própria. Começaram pelo bairro onde Jonathan morava, mas só receberam informações desencontradas. Foram a delegacias, a hospitais, sem achar pistas. Até o dia 31 de março.
No dia 1° de abril Vanuza foi ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) para o teste de DNA. Ela teve o material recolhido e foi orientada a ir até uma delegacia, porque até então, o único boletim de ocorrência feito pela família havia sido registrado pela internet.
Depois de 29 dias, Vanuza foi confrontada com a notícia de que nenhum familiar apareceu para identificar aquele corpo. “Como assim, se eu já tinha ido?”. Foi então que ela procurou a DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa). Um novo procedimento foi feito e enviado ao instituto de identificação.
Foram mais de dois meses de espera, até que no dia 21 de junho a resposta chegou: o homem morto e carbonizado era Jonathan.
Na tarde daquele mesmo dia, a irmã dele foi ao instituto para cuidar da liberação do corpo, mas quando chegou lá, descobriu que o Jonathan havia sido enterrado como indigente naquele mesmo dia, às 9 horas.
Sem conseguir enterrar o filho, resta para Vanuza o sentimento de indignação.
Para tentar reverter da situação, a família vai recorrer a justiça, pedir a exumação do corpo e então, enterrá-lo novamente no local no lugar escolhido.
O que diz o IMOL
Em nota, a Coordenadoria Geral de Perícias esclareceu que cadáveres sem identificação e não reclamados por familiares, são sepultados após 60 dias. No caso de Jonathan, a informação é que mesmo com a coleta do material genético, a família não voltou.
Ou seja: por uma diferença de horas, a família não conseguiu fazer o tramite e agora vai precisar da via judicial. Embora tenha dito que cumpriu as regras, a Coordenadoria determinou a abertura de procedimento administrativo para esclarecer e circunstâncias do fato.
A família, agora, aguarda uma resposta da Sisep (Secretaria Municipal de Serviços Públicos), que cuida dos sepultamentos de pessoas sem idenficação em Campo Grande, na tentativa de conseguir transferir o corpo para o cemitério de escolha e obter a certidão de óbito, sem a necessidade de uma ação judicial
A outra pergunta que ressoa para a mãe, sobre quem matou o filho, não tem previsão de resposta. O inquérito segue em andamento na DHPP.