Durante Congresso, especialista diz que queimadas no Pantanal e catástrofe no RS comprovam necessidade de plano emergencial

Mudanças climáticas e desafios do setor foram discutido no 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio, que ocorreu em São Paulo.

Os impactos das mudanças climáticas têm se tornado cada vez mais frequentes em todo o Brasil. O Pantanal teve mais 1,2 milhão de hectares destruídos pelas queimadas neste ano, enquanto o Rio Grande do Sul foi acometido por uma catástrofe climática que devastou o estado. O assunto foi discutido no 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio, que ocorreu em São Paulo. Para especialistas, é necessário criar regras para gerenciar momentos de crise.

Na região Centro-Oeste, a falta de chuva e o calor extremo têm castigado o Pantanal, que já teve 8,2% de sua área destruída pelo fogo. Uma nota técnica, divulgada pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ) em junho deste ano, mostrou que o bioma vive um dos momentos mais secos da história.

Já a região Sul, especificamente o estado do Rio Grande do Sul, foi atingido pela maior catástrofe natural da história do país, que afetou mais de 2 milhões de pessoas e matou 182 em abril deste ano.

Durante o painel Geopolítica e Sustentabilidade, o vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Ingo Plögler, defendeu que o Brasil precisa de regramento para gestão de crise causada pelas mudanças climáticas, que têm se tornado cada vez mais frequente.

O especialista aponta que é preciso criar regras, que passem pelo Congresso Nacional, que preveja a instalação de gabinetes de crise com regras próprias para situações de emergência.

“Precisamos de uma governança de clima ou de catástrofes. Isso está relacionado com o gestor, seja o presidente, governador ou prefeito. Essas personalidades precisam ter um plano emergencial e isso precisa ser criado com urgência. A Abag tem intenção de estimular essa discussão com o Rio Grande do Sul e com o Mato Grosso do Sul. É preciso criar leis para regulamentar isso e o Brasil pode ser protagonista”.

O evento, promovido pela ABAG e pela B3, a bolsa do Brasil, reuniu autoridades, especialistas e empresários para discutir as pautas mais urgentes e relevantes para o desenvolvimento sustentável do agro nacional, nesta segunda-feira (5).

Durante a conferência houve uma homenagem ao Rio Grande do Sul pela importância do estado para o país e para o agronegócio nacional. “Essa tragédia mostrou que o planejamento e o respeito ao meio ambiente é fundamental para o futuro da atividade e do planeta”, disse Plögler.

Potencial do agronegócio

Nelson Ferreira ministrou palestra sobre biocompetitividade no 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio — Foto: Caue Diniz/ Divulgação

Nelson Ferreira ministrou palestra sobre biocompetitividade no 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio — Foto: Caue Diniz/ Divulgação

Com o tema biocompetitividade, o evento também discutiu o potencial do país para os próximos anos e qual será a posição estratégica do agronegócio. O maior parceiro comercial do Brasil é a China, seguida da União Europeia e dos Estados Unidos.

De acordo com estimativas da Mckinsey & Company, o agronegócio brasileiro tem o maior potencial para atender à demanda por terras até 2030, por meio de tecnologias para recuperação de áreas degradadas.

O levantamento estima que o mundo precisará de cerca de 70 a 80 milhões de hectares daqui a seis anos, o que depende dos efeitos advindos das mudanças climáticas, que podem aumentar a demanda por área para mais de 100 milhões de hectares.

“Esse montante equivale quase ao que o Brasil tem hoje de terra plantada. Historicamente, isso já foi feito no passado, por meio da supressão vegetal. Hoje, a realidade é outra: precisamos reflorestar e para suprir essa necessidade, existem outras alavancas”, esclareceu Nelson Ferreira, sócio-sênior e líder global de Agricultura da Mckinsey & Company

A pesquisa revelou ainda que o agro brasileiro está na vanguarda na adoção de produtos de biocontrole e bioestimulantes, e de práticas de agricultura regenerativa, e que tem potencial de crescer na agricultura de precisão, automação e sensoriamento remoto.

Comunicação no agronegócio

23º Congresso Brasileiro do Agronegócio ocorreu em São Paulo — Foto: Divulgação

23º Congresso Brasileiro do Agronegócio ocorreu em São Paulo — Foto: Divulgação

A importância da comunicação também foi assunto de debate. A produtora rural e ativista de bem-estar animal, Carmen Perez, apontou durante a mesa redonda “Competitividade e Oportunidades”, que nos últimos anos o agronegócio tornou-se um assunto polêmico, que precisa ser desmistificado. Segunda ela, é preciso apresentar os conceitos, o cenário atual e as mudanças estruturais para a sociedade.

“Na década de 60 a produtividade da pecuária bovina no Brasil era a mais baixa do mundo e hoje somos os maiores exportadores mundiais de carne bovina, frango, soja e café. Isso traz força, mas também muita exposição porque os consumidores nos pressionam a fazer o melhor. Por isso a comunicação é um pilar estratégico para o crescimento do nosso setor”.

O deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania), que integra a Frente Parlamentar da Agropecuária, também destacou a importância do conhecimento para o crescimento do setor. O parlamentar ressaltou que a FPA tem discutido uma reforma do estado, autorregulação para um estado submetido aos anseios da sociedade.

“Para isso precisamos ter boas parcerias, alianças e criatividade. Assim, a Frente Parlamentar da Agropecuária é reformista e com visão ideológica com um agro que precisa andar com suas pernas, abrir e multiplicar o conhecimento para o crescimento e papel do setor”.

Considerado um dos mais importantes eventos do agro no país, o 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio teve as presenças do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) e de outras diversas autoridades do setor.

Fonte: G1MS / Foto: Rafaela Moreira/ TV Morena

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