Remdesivir: saiba mais sobre remédio aprovado pelos EUA contra COVID-19

O medicamento remdesivir foi aprovado nesta sexta-feira (1º) pela agência regulatória dos Estados Unidos para ser usado em pacientes com a COVID-19.

É o primeiro fármaco aprovado para tratar a doença, que, de acordo com levantamento da Universidade Johns Hopkins, tem mais de 3 milhões de casos confirmados e 237 mil mortes em todo o mundo.A autorização, no entanto, vale para uso emergencial. A agência afirmou que é “razoável” acreditar que os benefícios do medicamento superam os riscos para o tratamento de pacientes hospitalizados com casos graves de COVID-19.

O remdesivir é um medicamento antiviral desenvolvido pela farmacêutica americana Gilead. As pesquisas que levaram ao desenvolvimento do medicamento começaram em 2009. Inicialmente, a droga foi testada contra Hepatite C e contra o vírus sincicial respiratório, que causa a maioria das pneumonias e bronquiolites em bebês.

Em testes in vitro, ele se mostrou eficiente contra o vírus causador do Ebola, mas o resultado positivo nunca se repetiu em testes clínicos – em humanos.

O medicamento também se mostrou eficaz contra o vírus em testes in vitro.

Nesta semana, um estudo divulgado pelo Instituto Nacional de Doenças Infecciosas dos Estados Unidos mostrou que o uso do medicamento em paciente avançados de COVID-19 reduziu em 31% o tempo de internação, de 15 para 11 dias em média.

O estudo apontou também uma redução da mortalidade (de 11,2% para 8%), mas o resultado não é estatisticamente significativo.

Os testes desse estudo começaram no dia 21 de fevereiro e envolveram 1063 pacientes, que receberam o medicamento por via intravenosa por 10 dias.

Ainda nesta semana, a Gilead anunciou os resultados de um outro estudo, mostrando que o tratamento de cinco dias tem eficácia equivalente ao do tratamento de 10 dias. Isso permitiria, em tese, tratar um número maior de pacientes.

Os tratamentos, de 10 e 5 dias, consistem em uma dose intravenosa diária de 200 mg no primeiro dia e de 100 mg nos demais.

No entanto, um outro estudo clínico, cujas conclusões foram publicados na revista Lancet, não encontrou “nenhum benefício clínico significativo” contra a COVID-19.

Os resultados do estudo publicado na revista The Lancet já haviam sido divulgados em 23 de abril, após a breve publicação de seu resumo por engano no site da OMS, informou então o Financial Times.

“Não é o resultado que esperávamos, mas é preciso ter em mente que só pudemos contar com 237 pacientes de uma meta de 453, já que a epidemia já estava sob controle em Wuhan”, afirmou o doutor Bin Cao, principal responsável pelo estudo, em um comunicado na The Lancet.

Em estudos com o vírus da MERS, o remdesivir impediu a replicação do vírus bloqueando a enzima RNA polimerase. A multiplicação do vírus depende dessa enzima. De acordo com um estudo da Universidade de Alberta (EUA), o remdesivir se liga à enzima e, depois que isso ocorre, a enzima não consegue mais incorporar subunidades de RNA e para de se reproduzir.

A Gilead anunciou ter a capacidade de produzir tratamentos para 140 mil pacientes até o final de maio, 500 mil até outubro e um milhão até o final do ano. O volume pode ser aumentado com o licenciamento para a produção por terceiros.

A Gilead é a dona da patente dos medicamentos Tamiflu (para gripe influenza) e Truvada (para HIV). Informações: CNN Brasil/ Gilead/Divulgação (4.abr.2020)

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