Conheça as curiosidades mais incríveis sobre as abelhas

Ameaçadas de extinção, as abelhas são muito importantes para a polinização e a manutenção dos ecossistemas. Mas, além disso, esses insetos guardam particularidades surpreendentes.

Para entender melhor o fantástico mundo das abelhas, Vida de Bicho conversou com Sinval Silveira Neto, ex-chefe do departamento de Entomologia da ESALQ-USP, e Raimundo Rabelo, médico-veterinário e professor do curso de Medicina Veterinária da Universidade de Franca. Confira abaixo as curiosidades mais incríveis sobre esses animais.

Arquitetura eficiente

Não dá para negar que a arquitetura das colmeias é incrível, mas você já se perguntou por que suas células têm forma de hexágono? Muito além da estética, a escolha por esse formato tem a ver com eficiência.

Existem apenas três figuras geométricas regulares capazes de formar um mosaico sem deixar espaços vazios: o triângulo, o quadrado e o hexágono. Destes, o polígono de seis lados é o que apresenta maior área e menor perímetro, ou seja, é ideal para armazenar o máximo de mel gastando o mínimo de cera para sua construção.

As células hexagonais permitem maior armazenamento com menor gasto de cera (Foto: Canva/ CreativeCommons)
As células hexagonais permitem maior armazenamento com menor gasto de cera (Foto: Canva/ CreativeCommons)

Ambiente climatizado

Além de exibirem uma arquitetura impecável, as colmeias são climatizadas. A temperatura interna deve ficar entre 34°C e 36°C para garantir a textura correta da cera. Quando esse valor é ultrapassado, as operárias entram em ação, batendo as asas para ventilar ou trazendo gotículas para refrescar o ambiente.

Você é o que você come

Numa colmeia, as abelhas fêmeas podem por ovos ou trabalhar. A que põe os ovos é chamada de rainha, e as que trabalham, de operárias. O interessante é que o que define qual dos dois papéis a abelha desempenhará é a sua alimentação — pois é, a dieta nunca foi tão importante!

Enquanto as operárias se alimentam com geleia operária, a rainha é nutrida com geleia real, que contém mais açúcar. Uma proteína contida nesse alimento ativa uma enzima que faz o corpo da abelha rainha crescer, distinguindo-a das operárias.

O som ao redor

O zumbido é uma das características mais marcantes das abelhas, mas engana-se quem pensa que ele é uma forma de comunicação entre esses animais. Na verdade, ele nem é emitido pela boca — trata-se do ruído produzido pelas asas batendo no ar, devido sua alta velocidade. E isso não é exclusivo das abelhas — também ocorre com mosquitos, moscas e besouros.

Um detalhe interessante é que essa vibração de asas desses insetos estimula algumas plantas a aumentar temporariamente a concentração do néctar de suas flores.

O zumbido das abelhas é fruto da vibração de suas asas (Foto: Canva/ CreativeCommons)
O zumbido das abelhas é fruto da vibração de suas asas (Foto: Canva/ CreativeCommons)

Vai ter que rebolar

Mas, se o zumbido não é comunicação, como as abelhas falam umas com as outras? Simples: elas dançam!

Se a fonte de néctar ou pólen está próxima da colmeia, isto é, a menos de 100 metros, esses insetos executam uma coreografia circular. Quando o achado está mais longe, as abelhas requebram para indicar a posição exata, que é decodificada a partir da vibração produzida e da posição da abelha dançarina e do sol.

Até que a morte nos separe

Vida de Bicho já falou sobre casais de animais que vivem felizes para sempre, mas esse não é o caso das abelhas — afinal, depois da cópula, o zangão morre!

Os zangões são o produto de óvulos não fecundados que se desenvolvem com a função de fecundar a abelha rainha para garantir a continuidade da colmeia. Nem sempre esse papel é exercido, mas, para aqueles que, de fato, copulam, esse é o fim da linha. Isso porque seus órgãos genitais ficam presos à fêmea após o ato sexual, levando a uma morte rápida.

Nem só de pólen vive o inseto

A maioria das abelhas se alimenta de água, néctar e pólen encontrado nas flores. No entanto existem espécies sem ferrão que são carnívoras, nutrindo-se a partir de carne e vísceras de animais mortos. É o caso de três espécies do gênero Trigona, as mombucas carniceiras. Outras espécies, durante a fase larval, alimentam-se de fungos.

Algumas abelhas se alimentam de carne (Foto: Wikimedia Commons/ José Reynaldo da Fonseca/ CreativeCommons)
Algumas abelhas se alimentam de carne (Foto: Wikimedia Commons/ José Reynaldo da Fonseca/ CreativeCommons)

Melhores recordes

Os apreciadores de mel sabem que essa iguaria pode variar bastante, tanto em sabor, quanto em preço. O mel mais caro do mundo é produzido pela uruçu, uma espécie de abelha sem ferrão. Encontrado na Bahia, ele pode chegar a custar dez vezes mais do que o modelo comum.

Já o mel mais raro do mundo é fabricado exclusivamente pelas Abelhas Gigantes do Himalaia, e só pode ser colhido pela população nativa do leste do Nepal. Os locais o chamam de mad honey (mel louco), devido aos seus efeitos alucinógenos.

Além disso, o mel é um alimento que não estraga, porque sua baixa umidade impede a sobrevivência de bactérias ou microrganismos. Seu pH ácido (entre 3 e 4,5) não é compatível com a vida, e por isso, se bem armazenado, esse produto pode durar muito. E quando dizemos “muito”, estamos falando sério — o mel mais antigo do mundo foi encontrado na Geórgia (EUA) e tinha 5 mil anos.

A fantástica fábrica de mel

E por falar em mel, prepare-se, porque a próxima informação é bombástica: são poucas as abelhas que produzem esse alimento! Das cerca de 20 mil espécies conhecidas, pouco mais de 500 fabricam mel. E, mesmo assim, em alguns casos ele pode não ser adequado para consumo humano.

Uma abelha é capaz de produzir apenas 5 g de mel por ano. Parece muito artesanal, mas o grande número de abelhas na colmeia faz com que a produção seja mais significativa, podendo chegar a 250 kg por ano. Para isso, é necessário visitar mais de 1 bilhão de flores!

São pouquíssimas as espécies de abelha que produzem mel (Foto: Canva/ CreativeCommons)
São pouquíssimas as espécies de abelha que produzem mel (Foto: Canva/ CreativeCommons)

Sacrifício pela colmeia

A abelha rainha é fértil e as operárias são estéreis. Por isso, enquanto, na rainha, o ovário é o segmento por onde os ovos descem, nas operárias, esse órgão torna-se uma espécie de agulha, o ferrão, usado para proteção.

O problema é que, devido à anatomia do ferrão, quando as abelhas picam, todo o aparelho reprodutor fica enroscado na vítima e acaba saindo, levando o animal à morte.

Vai um cafezinho?

Não há nada como um bom café, não é mesmo? Embora as abelhas não consumam a bebida quente muito popular entre os humanos, elas também adoram cafeína.

Algumas flores possuem altas doses desse estimulante natural, atraindo as abelhas e “viciando-as”. É provável que se trate de uma estratégia evolutiva para garantir a perpetuação dessas espécies de planta.

 

Fonte: Rev. Casa e Jardim / Foto: divulgação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *