Encontrada na Austrália cápsula radioativa desaparecida desde janeiro

O serviço de emergência australiano encontrou nesta quarta-feira (01.02) a cápsula radioativa que estava perdida ao longo de uma estrada de 1,4 mil quilômetros entre uma mina na cidade de Newman e a capital do estado da Austrália Ocidental, Perth, informaram as autoridades do estado da Austrália Ocidental. Esse trajeto tem aproximadamente a distância entre Rio de Janeiro e Goiânia.

O pequeno item tinha desaparecido durante o transporte pela empresa de mineração Rio Tinto, que pediu desculpas por ter causado perigo. A declaração do governo estadual descreveu a operação como encontrar uma “agulha no palheiro” através de um “trabalho em equipe entre agências diante de probabilidades aparentemente intransponíveis”. Estima-se que o desaparecimento tenha ocorrido há duas semanas.

— É um bom resultado, como eu disse, certamente foi encontrada uma agulha no palheiro. Eu penso que os australianos podem dormir melhor nesta noite — disse o ministro dos Serviços de Emergência da Austrália Ocidental, Stephen Dawson.

A cápsula — que tem 6 milímetros de diâmetro e 8 milímetros de comprimento — contém uma pequena quantidade de césio 137, que pode causar danos à pele, queimaduras ou doenças causadas pela radiação. Por isso, o governo havia pedido que a população não se aproximasse dela caso a visse.

De acordo com o médico Andrew Robertson, Diretor de Saúde e Presidente do Conselho de Radiologia do estado, a radiação emitida em apenas uma hora pelo artefato é equivalente a fazer 10 exames de raio-x. Uma imagem de como a cápsula deve se parecer foi divulgada pelo Departamento de Incêndios e Serviços de Emergência (DFES, na sigla em inglês).

Imagem divulgada pelas autoridades mostram como é cápsula de césio 137 — Foto: Divulgação

Imagem divulgada pelas autoridades mostram como é cápsula de césio 137 — Foto: Divulgação

Depois da intensa busca, que durou seis dias, por centenas de quilômetros na rodovia, a cápsula minúscula foi encontrada na beira de uma estrada deserta ao sul da cidade de Newman, perto da mina de onde saiu, informou o comissário dos Serviços de Emergência do estado, Darren Klemm.

Segundo a BBC, a cápsula foi encontrada quando um veículo equipado com equipamento especializado, que viajava a 70 quilômetros por hora, detectou radiação, disseram as autoridades. O objeto estava a dois metros da beira da estrada e deve ser levado para uma instalação segura na cidade de Perth na quinta-feira.

O medidor estava sendo transportado por uma empresa subcontratada, que o retirou da mina em 12 de janeiro para transferí-lo para um depósito nos subúrbios a nordeste de Perth. Quando foi desembalado para inspeção em 25 de janeiro, o medidor foi encontrado quebrado e a cápsula radioativa havia sumido. Um dos quatro parafusos de montagem e parafusos também estavam faltando. As autoridades disseram que as vibrações durante o transporte podem ter feito com que os parafusos se soltassem, permitindo que a cápsula caísse pelas aberturas da caixa e do caminhão.

Césio causou mortes em Goiânia

O material é o mesmo que causou 4 mortes no estado brasileiro de Goiás, em 1987. O césio 137 estava em um equipamento hospitalar de radioterapia, abandonado no prédio em ruínas do Instituto Radiológico de Goiânia.

O equipamento acabou sendo vendido em um ferro velho, e o dono do local, Devair Ferreira, ao abrir a peça para retirar o chumbo, se deparou com 19,26 gramas de um pó de brilho azul. Sem saber que se tratava de césio 137, ele explorou o material com as mãos se contaminando.

Ferreira levou o pó para casa, e o restante de sua família acabou também se contaminando com a radiação. O problema se alastrou pela região. Ao todo, 112.800 pessoas foram monitoradas pelas autoridades brasileiras. Dessas, 14 foram internadas em estado grave no Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro. Quatro morreram e oito desenvolveram a Síndrome Aguda da Radiação. No total, 28 desenvolveram Síndrome Cutânea da Radiação, que se tratam de lesões na pele em função da contaminação.

Fonte: O Globo / Foto: Governo da Austrália Ocidental

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *