Mel do Pantanal é oportunidade de negócios para apicultores e preservação da biodiversidade

Cadeia do mel em Mato Grosso do Sul recebeu reforço com ações do Sebrae, por meio do Pró Pantanal

O mel produzido no bioma pantaneiro é um alimento cada vez mais valorizado no mercado. Além de seu sabor único, ele é reconhecido por suas propriedades medicinais, sendo uma fonte natural de vitaminas e minerais. Para os apicultores da região, o mel do Pantanal representa uma grande oportunidade de negócio e uma alternativa sustentável de geração de renda, por isso, o Sebrae/MS, via programa Pró Pantanal, vem executando ações para valorização do produto e fortalecimento do segmento.

O mel do Pantanal tem uma demanda crescente, principalmente entre os consumidores que buscam produtos de qualidade e com uma história por trás

A produção de mel no Pantanal é uma atividade que agrega valor ao meio rural. Além de fomentar a economia local, os apicultores contribuem para a preservação do meio ambiente, garantindo a conservação da rica biodiversidade do bioma. O mel do Pantanal tem uma demanda crescente, principalmente entre os consumidores que buscam produtos de qualidade e com uma história por trás. O alimento, produzido em conformidade com a preservação ambiental, também abre novas possibilidades para os produtores – neste caso, para os apicultores da região e comunidades pantaneiras.

Esse é o caso da Associação Leste Pantaneira de Apicultores (Alespana). Hoje, a entidade conta com 32 associados de Aquidauana, Anastácio, Campo Grande, Dois Irmãos do Buriti, Miranda, Nioaque e Terenos. Para a presidente da Alespana e apicultora, Maria Silvana Veiga Silveira, o mel do Pantanal representa um aumento de renda. Hoje, segundo ela, a produção média é de 120 toneladas na região de abrangência da associação. “Ao iniciar nessa atividade, para muitos produtores, ela não só melhora o poder aquisitivo, mas também agrega valores. A gente enxerga um potencial amplo de estabilidade na venda do produto e espera melhores lucros no futuro”, comentou.

Conforme o apicultor Márcio César Seixas, do município de Aquidauana, com mais de 25 anos de contato com a apicultura, essa é uma atividade agropecuária que não demanda muito investimento e é acessível tanto para produtores rurais quanto para aqueles sem propriedade, sendo um gerador de renda e receita para a localidade.

“A relevância do mel do Pantanal está em sua diferenciação em relação aos outros méis do Brasil, devido à sua região de origem, com pouca lavoura e floresta plantada nas proximidades. Além disso, sua cristalização é mais lenta devido à floração específica da região. O mel do Pantanal também está ligado à preservação, já que para sua produção é necessária uma região preservada com qualidade de água e matas ainda presentes na região”, disse Seixas, também sócio da Alespana e membro da Cofenal, que hoje é denominada Associação dos Apicultores Mel do Pantanal.

O Mel do Pantanal é um produto tão único que passou a integrar a lista dos 100 produtos brasileiros que possuem certificação de Identificação Geográfica (IG), registrado e emitido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Esse registro é conferido a produtos ou serviços característicos do seu local de origem, com identidade própria.

Na avaliação do engenheiro agrônomo e apicultor da Cofenal, Daniel Comiran Dallasta, de Terenos, o mel do Pantanal se destaca pela sua alta qualidade e segurança alimentar. Para garantir a procedência e rastreabilidade desse produto, bem como destacá-lo na prateleira como um artigo diferenciado, o selo de qualidade é importante para que os consumidores entendam as características e benefícios, bem como a importância para a economia e preservação do bioma Pantanal.

“O selo serve para dar garantia da origem e rastreio do produto, além de diferenciá-lo na prateleira como um produto mais caro devido às dificuldades de produção em uma região inóspita, quente e com muitos perigos. É importante que as pessoas entendam as características e benefícios desse produto diferenciado”.

Para a analista-técnica do Sebrae/MS, Katia Muller, há um grande potencial de mercado para produtos que recebem o selo de origem, além da possibilidade de agregar valor para toda a cadeia produtiva. “A Identidade Geográfica de Denominação de Origem do Mel do Pantanal projeta o mel do Pantanal no mercado, além de agregar valor ao produto e garantir a credibilidade de um item que é produzido de forma sustentável, mantendo as peculiaridades únicas de produtos de origem da planície pantaneira”, pontuou.

Apoio e desenvolvimento

O Mel do Pantanal é um produto tão único que passou a integrar a lista dos 100 produtos brasileiros que possuem certificação de Identificação Geográfica (IG)

Essa é a primeira IG de uma região produtora de mel e a primeira da região Centro-Oeste, sendo um dos mais expressivos resultados de um processo oriundo da ação sinérgica de diversas instituições. A cadeia do mel em Mato Grosso do Sul recebeu reforço com ações do Sebrae/MS, por meio do Pró Pantanal, que está atuando para fortalecer a governança e auxiliar empreendedores.

Além do setor produtivo, houve também diálogo e apoio de outras entidades, como é o caso da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) que ajudou a fortalecer a cadeia da apicultura em Mato Grosso do Sul. A zootecnista e coordenadora regional de Anastácio da Agraer, Vera Lúcia Golze, salientou que o trabalho desenvolvido nas capacitações propicia o aprimoramento da cultura do mel no Pantanal.

“Atuamos com a assistência técnica realizando o acompanhamento para criadores de abelhas, fomentando a ampliação desse mercado, justamente porque incentivamos que os produtores tenham diversificação na produção e, consequentemente, o aumento da renda da família”, afirmou Vera Lúcia.

Outra medida que auxiliou no processo de agregar valor e abertura de novos mercados para criadores de abelhas dessa região foi a reativação da Cofenal, associação gestora e guardiã da Identidade Geográfica de Denominação de Origem do Mel do Pantanal. O atual presidente da Cofenal, Gilberto Adão dos Santos, detalha que a entidade estava paralisada desde 2012.

“Eu acredito que podemos agregar valor a este produto regional através do selo do Pantanal. Quando vi que o selo estava parado e o Sebrae propôs retomar os trabalhos, decidi entrar de cabeça no projeto. Em seis meses, conseguimos dar andamento e hoje temos o selo do mel do Pantanal, que é um selo de origem. Isso representa muito para mim, pois como pequeno produtor de mel, nunca havia visado o lado comercial. Agora, acredito que o mel do Pantanal será o meu principal comércio e representa uma grande mudança em minha vida”, completou.

Sobre o Pró Pantanal

O Pró Pantanal – Programa de Apoio à Recuperação Econômica do Bioma Pantanal tem atuação nos eixos do turismo, da economia criativa e do agronegócio existentes no Pantanal. O programa ainda tem apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Federação das Associações Empresariais de Mato Grosso do Sul (FAEMS), Instituto do Meio Ambiente de MS (Imasul) e Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).

Para obter mais informações sobre o programa Pró Pantanal e suas ações, fale com o Sebrae, pelo número 0800 570 0800.

Fotos: Divulgação Ag. Sebrae

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