Confira o que dizem especialistas sobre relação entre cirurgias reparadoras e autoimagem com saúde mental

A realização de cirurgias estéticas ao redor do mundo aumentou 41,3% nos últimos quatro anos

Recentemente, o vídeo de uma criança emocionada com o resultado da cirurgia plástica de correção de orelhas proeminentes viralizou nas redes sociais. Nos comentários da publicação, outros usuários se identificaram com o caso e manifestaram interesse pelo procedimento cirúrgico.

Assim como outras deformidades congênitas (que nascem com a pessoa), as “orelhas de abano” podem levar ao bullying e a traumas psicológicos.

Muitas pessoas que enfrentam deformidades ou condições que afetam sua aparência podem sofrer de baixa autoestima e autoimagem negativa, e isso pode afetar diversas áreas da vida, como a profissional, a pessoal, a afetiva e, até mesmo, na vida escolar, no caso de crianças e adolescentes”, afirma cirurgião plástico Fabio Nahas, especialista da Sociedade Brasileira de

Para intervir nesses casos, há a possibilidade de realização das chamadas cirurgias plásticas reparadoras — que podem trazer benefícios à saúde mental, cujo dia mundial é celebrado nesta terça-feira (10), dos pacientes.

As cirurgias plásticas reparadoras têm como principal objetivo corrigir deformidades congênitas ou adquiridas, como no caso de queimaduras, câncer de pele, câncer de mama ou pós-bariátrica, por exemplo”, explica Nahas.

De acordo com os especialistas, dentre os principais casos que podem levar às cirurgias reparadoras estão:

  • Câncer de pele, com a reconstrução da região onde o tumor foi retirado;
  • Câncer de mama, com a reconstrução mamária pós-mastectomia;
  • Queimaduras e acidentes;
  • Fissuras labiopalatinas (também conhecidas como lábio leporino);
  • Orelhas proeminentes;
  • Remoção do excesso de pele após a realização de cirurgia bariátrica.

A relação dessas questões físicas com a saúde mental tem a ver com o fato de autoimagem ser um componente importante da autoestima, explica a psicóloga Fabíola Luciano.

“A nossa autoimagem é construída desde cedo pela forma como as pessoas nos percebem e, também, pela forma como a gente se percebe. Isso significa que a forma como as pessoas memental percebem influencia a forma como vou me enxergar. E isso vai resultar em uma autoimagem satisfatória ou insatisfatória”, afirma a especialista.me

Segundo Fabíola, “se eu passo a enxergar pouco valor ou depreciar a minha existência, essência, facetas e papeis sociais, porque sinto que a minha autoimagem corporal não está legal, isso me gera um problema de saúde mental, porque vai gerar angústia, além de possíveis transtornos ansiosos, depressivos e alimentares”.

A psicóloga ressalta, no entanto, que é preciso equilibrar a relação entre as cirurgias plásticas e a aceitação corporal. Ela explica que cabe aos médicos avaliar o paciente e identificar se a insatisfação é pontual, com uma parte do corpo, ou se é excessiva, podendo estar associada a transtornos graves.

A gente não pode esperar que um procedimento cirúrgico venha reparar uma questão que é emocional, psicológica, patológica”, acrescenta.

Cirurgias plásticas estéticas

A realização de cirurgias estéticas ao redor do mundo aumentou 41,3% nos últimos quatro anos, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS).

As cirurgias estéticas são aquelas que visam melhorar a aparência física de uma pessoa, mas não são intervenções médicas essenciais, explica Nahas.

No ano passado, globalmente, o número de intervenções realizadas por cirurgiões plásticos foi de 11,2%, contando procedimentos cirúrgicos e não-cirúrgicos.

Os EUA lideram o ranking, com mais de 7,4 milhões de procedimentos (22%), mas é seguido pelo Brasil (8,9%), que é o primeiro em procedimentos cirúrgicos.

Para a pesquisa foram consultados 1.103 cirurgiões plásticos, com números finais projetados para refletir as estatísticas internacionais.

Embora os especialistas ressaltem que as cirurgias estéticas também podem trazer benefícios para a autoestima, o cirurgião plástico Walter Matsumoto, especialista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, destaca que “cirurgia plástica não pode ser banalizada. Todo paciente tem que passar por uma avaliação rigorosa para a gente realmente saber se aquela queixa é condizente com a realidade, se as expectativas estão dentro do possível e do limite de segurança”.

De acordo com o médico, a “avaliação tem que ser muito criteriosa para a gente não banalizar a cirurgia e oferecer ao paciente um serviço com toda a segurança e com um resultado com o qual ele vai ficar feliz”.

 

Fonte: CNN Brasil / Foto: Getty Images

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