Suspeitos de matarem a menina Sophia, de 2 anos, mãe e padrasto falam pela 1ª vez em audiência

Stephanie de Jesus da Silva e Christian Campoçano Leitheim foram presos no dia 28 de janeiro de 2023. Em setembro, durante uma audiência de instrução, os dois ficaram em silêncio.

Stephanie de Jesus da Silva e Christian Campoçano Leitheim, mãe e padrasto, acusados de matarem Sophia O’campo, aos 2 anos, falaram na terça-feira (5) pela primeira vez em audiência. Os dois responderam perguntas sobre o que ocorreu no dia da morte da criança, relatos de violência sexual e a convivência da menina em casa.

A primeira a ser ouvida foi Sthefanie. Ao juiz Aluizio Pereira dos Santos ela começou falando sobre a bagunça em que a casa foi encontrada em situação de abandono, com roupas penduradas no varal, brinquedos jogados no chão e fezes de animais espalhadas pela varanda.

“Eu trabalhava de segunda a sábado, da 8h às 18h, saia de casa por volta das 6h30 e só voltava às 19h. Provavelmente o Cristian não devia ter jogado no lixo e no dia que eu soube que a Sophia estava passando mal eu não estava em casa e quando cheguei a primeira coisa que fui saber foi saber dela”, relatou.

Casa foi encontrada em situação insalubre.  — Foto: José Câmara

Casa foi encontrada em situação insalubre. — Foto: José Câmara

Ao ser questionada sobre bater na menina, Stephanie negou e disse que apenas deixava a menina de castigo para pensar.

“Não pratiquei porque não teria coragem de fazer isso com minha fila. A Sophia foi planejada, era filha de um homem que eu amava muito, nunca teria coragem de fazer isso com ela. Quando soube da morte e a causa da morte, eu entrei em choque porque não acreditei. Não vi ele fazendo isso, acredito que tenha sido quando ele levou ela pro banheiro e ela voltou com cabelo molhado”.

A mãe de Sophia descreveu ao juiz no dia da morte da criança, que estava no trabalho e que foi avisada por mensagem, enviada por Christian, que a menina não estava bem.

“Era proibido no trabalho usar o celular, ele me avisou só no fim do dia, então não sabia quando ela começou a passar mal. Eu cheguei em casa e estranhei porque ela não veio falar comigo. Ela comeu quase nada por causa do vômito, dormiu e acordou no outro dia 9h30. Eu avisei minha gerente que não ia trabalhar, ela acordou um pouco melhor e foi quando ela pediu iogurte. Ela tomou metade do iogurte, e outro remédio, foi quando o Cristian falou que ela estava melhorando e caso ela não melhorasse mais era pra levar ela no medico”.

Ainda conforme o depoimento, por volta das 16h a criança voltou a dizer que a barriga estava doendo. “Peguei ela pelos braços e vi que as pernas dela estavam fracas, aí já entrei em desespero. Foi nessa hora que eu chamei o uber”.

Chorando muito, mãe relata tudo o que aconteceu no dia da morte da filha — Foto: Gabrielle Tavares

Chorando muito, mãe relata tudo o que aconteceu no dia da morte da filha — Foto: Gabrielle Tavares

Sem perceber as agressões, a acusada contou que ao ver que a filha estava mole, Christian pegou a menina e pediu para que a companheira fizesse um leite para a menina que estava fraca.

“Ele levou ela pro banheiro e trouxe já estava sem reação, aí ele deitou ela no colchão e começou a fazer respiração boca boca”, relatou. Ao ser questionada, pela promotoria, Stephanie disse não ter ouvido nenhuma agressão naquele momento pois a filha mais nova chorava.

“O corpo dela estava mole, nunca imaginei que ela estaria morta, não pude nem me despedir da minha filha. O uber subiu a calçada, parou atrás da ambulância, entrei na emergência, o uber perguntou se eu precisava de ajuda em alguma coisa, eu falei pra ele pegar minhas coisas e aí nunca mais vi ele, lá já pegaram ela de mim e vieram fazer os primeiros socorros. Não deixaram nem eu dar um beijo na minha filha nem nada”, afirmou Stephanie aos prantos no tribunal.

Sobre o estupro

“Desconfiei no dia que ela morreu porque ele deu banho nela e quis colocar roupa nela. Quis colocar frauda porque que ele disse que ela estava fraca, e como era recorrente ele dar banho nas crianças eu não desconfiei”, relatou a mãe sobre o questionamento do estupro.

A suspeita disse ainda que acredita que além de Christian, outra pessoa também pode ter cometido o crime. “Eu não estava lá em todos os momentos, então ele poderia ter levado qualquer pessoa lá e eu não ia saber”.

Ao ser questionado sobre o estupro, Christian negou as acusações. “Não senhor. Quando eu cheguei no presídio, a a primeira coisa que fiz foi solicitar um exame médico pra provar que eu não tinha cometido tal ato”.

Na questão sobre o estupro, Stephanie e Christian trocaram acusações durante as perguntas. O juiz rebateu a pergunta com a informação da pela mãe da menina. Em resposta: “Pra ela [STEPHANIE] poder retirar de cima dela o peso”.

Uso de drogas

Christian Campocano Leitheim entra na audiência para relatar sua versão — Foto: Gabrielle Tavares

Christian Campocano Leitheim entra na audiência para relatar sua versão — Foto: Gabrielle Tavares

Stephanie relatou que os amigos de Christian costumavam frequentar a casa do casal para usar drogas, porém eles tinham o costume de ficar apenas do lado de fora.

“Na época eu fumava e acabei cheirando pó também, mas vício não. Eu ficava triste, usava porque me ofereciam, me influenciavam, já o Christian era viciado em cocaína”, afirmou.

Christian comentou que usava drogas, mas de forma esporádica. “Nunca tive vício. Durante um tempo eu tive uso em entorpecentes maconha mas nunca tive vício. No dia antes da morte da Sophia eu utilizei droga”, comentou o padrasto da menina.

Arrependimento

No fim do depoimento, foi perguntando a mãe de Sophia o que ela falaria para a filha e a imagem que ela leva da menina.

“Pediria mil perdões, se pudesse voltar no tempo faria tudo diferente nunca deixaria ninguém fazer nada com ela, estaria sempre com ela em todos os momentos da vida dela. Sophia era uma menina meiga, carinhosa, que é tudo pra minha vida. Minha vida acabou sem ela, eu nunca mais vou ser a mesma sem a minha filha. Nunca vou deixar de amar ela, hoje tá no céu e olha por mim eu tenho certeza disso, porque ela sabe o quanto eu sofri, o quanto eu ainda sofro e vou sofrer todos os dias”, finalizou a acusada.

Fonte: G1MS / Foto: Gabrielle Tavares 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *