Oficina em Campo Grande pode ter lesado 26 clientes identificados pela polícia

A investigação sobre o caso ficará a cargo da 1ª DP (Delegacia de Polícia Civil) de Campo Grande

A Polícia Civil já identificou pelo menos 26 clientes que dizem terem sido lesados pela empresa “Champions Pneus” em Campo Grande. Pelo menos seis vítimas já registraram boletins de ocorrência. Já o Procon-MS (Secretaria Executiva de Orientação e Defesa do Consumidor) totaliza 34 denúncias contra a rede de lojas.

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Delegada Joilce Silveira Ramos. (Foto: Vinicius Souza)

De acordo com a delegada Joilce Silveira Ramos, que inclusive quase vítima dos golpes da empresa, os funcionários envolvidos no esquema também serão investigados. A apuração ficará a cargo da 1ª DP (Delegacia de Polícia Civil) de Campo Grande.

Durante coletiva na noite desta quinta-feira (6), a delegada apresentou o resultado da perícia realizada no carro de uma das clientes enganadas pela empresa. A vítima pagou R$ 6,8 mil por reparos mecânicos que foram entregues pela metade.

Na lista de irregularidades constatadas estão a cobrança de valores exorbitantes, peças veiculares substituídas por outras inadequadas e a venda de serviços que sequer foram entregues, segundo a delegada.

“Foi constatado que muitas peças que ele (mecânico) cobrou da cliente não foram trocadas. Outras peças foram limpas, eles limparam pra dar uma impressão de que elas foram trocadas, de que eram novas. A investigação ainda verificou que sequer as peças ‘batiam’ com o veículo da vítima. O terminal de direção do lado direito, por exemplo, corresponde a um Kia Cerato. Tem uma outra peça, kit amortecedor traseiro, que corresponde a uma Ranger 2008. Aí já se vê claramente a má fé da empresa”.

Delegada Joilce Silveira Ramos.

A delegada também chama atenção para os valores superfaturados cobrados na rede de oficinas da capital. Algumas peças custavam mais que o triplo do valor de mercado nos estabelecimentos.

“O terminal de direção lado direito, por exemplo, custa R$ 96,00 na praça; eles cobravam R$ 360,00. O kit de amortecedor traseiro vendido por R$ 98,00, eles cobravam R$ 760,00. A bucha de R$ 60,00 cada, eles cobraram R$ 380,00. São valores exorbitantes, muito altos, cobrados muito acima do valor de mercado, que é exatamente para depois eles terem uma margem para negociar e dar um desconto bem grande para o cliente ficar satisfeito”.

Delegada Joilce Silveira Ramos.

O dono da rede de oficinas, João Lopes de Freitas, de 62 anos, chegou a ser preso pelos golpes, mas foi posto em liberdade após pagar R$ 5 mil de fiança.

O empresário vai responder pelos crimes de estelionato, apropriação indébita, formação de quadrilha e também por injúria e difamação contra um servidor público, por ter chamado a delegada de mentirosa.

“O que o consumidor tem que observar, e os vendedores também, é que você oferece o serviço e a partir do momento que a pessoa disse não, eu não tenho dinheiro, eu não tenho condições, não tem porquê ficar forçando e obrigando a realizar um serviço que ela não quer realizar. Ele (mecânico) tem todo o direito de fazer um orçamento, de mostrar que realmente precisa fazer alguma coisa a mais, mas quando a vítima diz não é não. A maioria das vítimas não tinha mesmo como arcar com esses custos, tiveram que estourar os cartões, tiveram que pedir cartões emprestados, fazer compromissos que elas não conseguiram honrar, e agora estão até com o nome negativado por esse motivo”.

Delegada Joilce Silveira Ramos.

Para além da esfera criminal, os consumidores também podem acionar a Justiça na área cível, em ações por danos morais. Na área administrativa, o Procon é o responsável. O órgão já recebeu 34 denúncias contra a rede de lojas.

“O orçamento é direito do consumidor e a um dever do fornecedor, então ali tem que relacionar os produtos que serão utilizados, ou serviços que serão executados. Se o consumidor for pegar o veículo e ele verificar que outros serviços foram executados e não estão previstos no orçamento, consumidor não tem obrigação de pagar pelo serviço que ele não autorizou”.

Superintendente do Procon-MS, Patrícia Mara da Silva.

O que diz a empresa

Em nota a defesa da rede de mecânicas afirmou que sempre orientou a comunicação prévia sobre a necessidade da realização de serviços de mecânica e os valores cobrados, bem como exerceu suas atividades somente com a assinatura da ordem de serviço e autorização expressa dos consumidores.

Sobre os processos judicias propostos por clientes na esfera cível, a Champions ressaltou que o número de processos é ínfimo em relação a quantidade de clientes já atendidos durante os longos anos de exercício da atividade empresarial.

Fonte: PPMS / Foto: Reprodução

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